quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Lara Já

Lara já tem quase 10 meses, e vamos construindo avanços na comunicação que ultrapassam todas as minhas expectativas de mãe coruja. Não que eu seja exagerada ou exibida, imagina. Acontece que é tudo muito rápido, e a palavrinha “já” acaba escapando da minha boca colada ao nome dela. Sempre. Toda frase começa com Lara e continua com já. Podia ser seu nome do meio: Lara Já.

Lara Já diz “mã mã” (embora ainda não ligue o nome à pessoa). Há quem ache que isso é modéstia minha, mas eu desconfio que o restinho da minha modéstia foi embora junto com o líquido amniótico e, mesmo assim, sigo convicta do caráter genérico desse “mã mã”.

Lara Já chama atenção dos passantes na rua, por sua própria iniciativa. Não pode ver ninguém de costas. Trata logo de puxar conversa com a nuca alheia, geralmente duas oitavas acima do tom habitual dos seres humanos, de modo que acaba confiscando olhares e risinhos simpáticos em frações de segundo. (Eu finjo que estou amarrando os calçados, já que não consigo fazer aquela cara orgulhosa de “fui eu que fiz”).

Lara Já bate palminhas. Juro! Só tem um pequeno detalhe: ela bate com uma mão fechada e a outra aberta. O resultado final do gesto pode ser interpretado de forma ofensiva pela oposição. (Nada contra, sou uma mãe democrática).

Lara Já rasteja pela casa dando gritinhos entusiasmados, enfia o dedinho em qualquer buraco ou ranhura que encontrar, puxa para si um pedaço do mosquiteiro quando está entediada no berço (e come), rasga revistas de moda (indignada com a esqualidez das manequins – “essa gente não tem mamadeira?”), faz a maior festa quando alguém chega em casa, devora um pratão de sopa em alguns minutos...

Por fim: Lara Já dá tchauzinho em cinco línguas. Fluentemente!

**

Adeus, cabelão

Cortei os cabelos para ficar com cara de mãe moderna, elegante, descolada (ainda se usa esse termo, ou já descolou de vez?). Muita gente elogiou. Menos alguns.

- Mas o que houve com aquele seu cabelão, Jesus Cristo???

Minha manicure religiosa estranhou. Não sou boa em pedir elogio, mas me esforcei, antes que a carinha dela me desse medo de arder no inferno das mulheres arrependidas.

- E aí? Não ficou legal? – Arrisquei.

- Sem dúvida é muuuito mais prático!

E moeu minha cutícula com aquele alicate assassino.

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Mamãe puxando ferro

- Há quanto tempo você não freqüenta academia?
- Com regularidade eu nunca freqüentei.

Parecia que eu tinha dito:

- Por baixo dessa pele branquela eu sou verde. À noite, pisco-pisco com motivos natalinos. Vai encarar, fortão?

O professor foi me ajudar na primeira série de musculação. Tudo que ele falava, emendava: “tendeu, amiga?”.

Tendeu, amiga? Aqui são 15kg, pino 7, botão 13 do encosto, regulagem M. Tendeu, miga? Tendeu? Duas repetições de 15. Tendeu, miga?

Tendi foi nada!

Fiquei tonta e saí de lá azul.

**

A orelha do amigo fortão é um capítulo à parte. Fiquei procurando o buraquinho por onde deveria passar o som, e olha, foi difícil achar. Nunca tinha visto orelha de lutador tão de perto. Quando dizem couve-flor não é exagero.

**

Na esteira, uma senhora de uns 60 anos ajudava a mãe.

- Aqui, mãe. Pode deixar que eu ligo para a senhora. Aperta em “manual”, mãe. Isso. Agora digita o seu peso e dá enter. Aliás, pode deixar que eu digito para a senhora.

Caramba! A velhinha tinha uns 80 anos ou mais. Subiu na esteira equilibrando as perninhas fracas, tinha que ver. Todo mundo olhando, mas disfarçando. Bacanérrimo.

Quando saí da sala, vi a bengala encostada num banco. (!!)

**

Quando eu tiver 80 anos, a Lara terá 51.

- Por aqui, mãe. Aperta em “manual”.

- Você viu a orelha daquele professor?

- Fala baixo. Tem que reparar em tudo?

- MAS PARECE UMA COUVE-FLOR!

-Psssst! Menos, mãe. Desculpe, gente. Ela está um pouco impressionada e...

- Falar em couve-flor, minha filha, hoje é dia de feira?

- Mamãe!

- Esse menino ia ganhar um bom dinheiro na feira. Rá rá rá! Filha! Não vai embora, não! Devolve a minha bengala! Como é que eu paro essa geringonça?

Nisso ela já estará pulando a catraca e jurando que nunca mais me leva à academia. (Enfim, livre!)

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Aos 30

Vou fazer 30 anos, então decidi entrar para uma academia dessas com catraca eletrônica e tudo, como manda o figurino. Meu ritual de correr no Aterro do Flamengo é muito bonito, a vista é linda e blá blá blá, acontece que o calor do Rio de Janeiro é simplesmente impraticável a partir de novembro. Correr na rua após as 7h da manhã torna-se um hábito insuportável. E quem dera tivéssemos segurança na cidade para sair à noite.

Assim, me rendi à catraca e ao ar condicionado. Seja o que Deus quiser.

**

Exame médico

Na fichinha estava escrito: “tolerância de atraso - 10 minutos”. Pois a médica atrasou meia hora e me atendeu com cara de besouro e poucas palavras. Mandou bufar três vezes (nisso sou boa!), mediu pressão, perguntou sobre as desgraças da família e anunciou, com jeito de quartel:

- Vou te liberar.

Paf! Deu uma carimbada na ficha e esticou a folha na minha barriga. Fui saindo de ré para não tomar mais o tempo dela (que, aliás, foi ela quem tomou de mim).

**

Avaliação funcional

Essa avaliação funcional é uma coisa que não recomendo nem ao pior inimigo. O sujeito – com o qual não se tem nenhuma intimidade – fica beliscando os pneus da gente com aquele aparelho ordinário que mede o quanto extrapolamos nos bolos de laranja. Não diz palavra, apenas anota no computador. Tec, tec, tec. Parece que está fazendo orçamento de carpete: medida para cá, medida para lá, tudo muito abstrato e ininteligível... Ora, no final é assoalho!

E eu me sinto meio presunto nessas horas.

- Me vê 200gr daquele sem capa de gordura, por favor. Como assim tá em falta?

Depois, começa a registrar os problemas posturais da pessoa. Ombro esquerdo mais alto que o direito, quadris desalinhados, escoliose, lordose, é dose.

Por último, subo numa bicicleta ergométrica e fico lá aumentando os batimentos cardíacos à medida que ele aumenta a bendita carga. Quando estou francamente ofegante, e já de saco cheio, ele vem com a novidade:

- Tá vendo? Assim vai ser o seu treino. Para começar.

**

Mas eu vou fazer 30 anos, de modo que decidi entrar para uma academia dessas com catraca eletrônica e tudo, como manda o figurino.

Vou confessar que, até agora, eu simpatizei mesmo foi com a catraca. Mas a esperança é a última que morre.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Querido diário

Quero deixar bem claro que minha filha é a coisa mais gostosa desse mundo: um bebê tranqüilo, alegre, saudável, etc etc, que me faz muito feliz desde o dia em que deixou meu ventre e veio adoçar nossas vidas com sua incomparável graça.

Isto posto, querido diário, vamos aos fatos. Acordou-me hoje às 6:10 da manhã. Resmungava. Não era exatamente um choro, talvez um chororô, coisinha insistente que não ia nem vinha, barulho que não configurava protesto, mas satisfeita também não estava. Levantei, fui até lá.

Abriu a boca num bocejo que emendou num sorriso. Olhos fixos em mim. Queria conversa.

Filhinha, isso não é hora, a mamãe está com sono, vamos acalmar os ânimos? Jogava as duas pernas para cima e puxava os pés para a boca. Arrancou fora uma das meias, que também levou à boca. Quando eu achei de interferir, meu dedo foi aonde? Boca.

6:20 Dei chupeta, não quis. Queria chupar tudo, menos o que é feito para isso. Insisti, ela tomou das minhas mãos e levou à boca – só que invertida, mordia o arco de plástico e fazia cara de reclamação. Eu, ainda de pés descalços, na esperança abobalhada de conseguir acalmá-la e voltar a dormir, qualquer minutinho já era negócio para mim numa hora dessas...


6:30
Fui ao meu quarto e calcei um pé do chinelo. Voltei mancando, que o chinelo é meio alto, mas decidida: só fico aqui mais cin-co-mi-nu-tos. Estou só metade calçada, portanto, metade acordada. Vou abrir o mosquiteiro e ela estará dormindo profundamente, tenho certeza. Volto para cama e descanso até as 7h. Só que antes de abrir o mosquiteiro ela voltou a resmungar, dessa vez um pouco mais alto.

6:40 Fechei as portas dos quartos para não acordar o pai dela. Melhor assim, agora estamos só nós duas aqui, papo de mulher. Por falar em mulher, lembrei-me da academia, que me lembrou yoga. No desespero, puxei “ooooommmmmmmmm” para ver se ela relaxava, hipnotizava, sei lá. Ooommm, ooommmmm, oooommmmm, repeti dezenas de vezes. Ela mordia o travesseiro e o lençol ao mesmo tempo, animadíssima (acho que entrou para a aula de aeróbica e me deixou meditando sozinha).

6:50 Voltei outra vez ao meu quarto e calcei o outro chinelo, mas não vesti nem o roupão. Dessa vez ela dormiu, aposto todas as minhas camisolas como dormiu, é só dar meia volta e vou tirar meu soninho da beleza, tenho ainda 10 minutinhos, melhor que nada. Que nada! Ela dava gritinhos e batia os pés no colchão em ritmo de afro-olodum-reggae-hip-hop. Quem foi que teve essa ridícula idéia de academia?


7:00
Nós duas no sofá da sala, depois de 50 min de batalha em vão. Ela, deitada no meu colo, abocanhava meu peito e tirava o soninho da beleza. Dela, claro.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Era fantasia

Muitas coisas que eu fantasiava sobre a maternidade não viraram verdade comigo. Pensava, por exemplo, que ser mãe me daria uma espécie de “aura da serenidade”; que eu ia ter uma paciência interminável, não só com as crianças em geral, mas com as coisas da vida. Que ia me estressar menos, ficar menos ansiosa, deixar de prever catástrofes madrugada adentro. Ter calma e sabedoria, saber esperar o momento certo, aquela coisa meio Buda.

Não sei de onde tirei tanta bobagem!

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Cadê a mamãe?

Agora com quase 8 meses, ela se joga na direção do objeto desejado, mostrando interesse alegre e urgente. A estante de livros e DVDs, uma latinha ou garrafa de refrigerante, coisas coloridas em geral.

(Parênteses: li uma ótima no jornal de ontem, sobre tempos modernos. Uma criança viu um LP na mão do pai e disse “olha um DVDão!”).

Eu me escondi atrás da porta e fiquei dizendo “cadê a mamãe?”. Depois apareci para ela e voltei para trás da porta. Fiz outra vez. Na terceira vez, fiz “cadê a mamãe?” e continuei escondida. Ela, no colo do pai, entortou o tronco e me achou no esconderijo. Risonha.

Todo dia eu penso que já entendi o que é ser mãe, e todo dia ela vai me buscar no esconderijo para mostrar que eu ainda não entendi.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Nova inspiração

Fiquei uma semana sem internet em casa, mas voltei com nova inspiração. Olha no videozinho aí do lado...

Perigo: bebê a bordo



Outro dia eu atravessava a cidade tranqüilamente, de carro, com minha filha na cadeirinha dela, quando ouvi no rádio o seguinte comentário. Preparem-se.

Em São Paulo, um delegado comentou que tem observado uma nova “tática” dos assaltantes. Em vez de dar preferência somente a carros com mulheres sozinhas – como era sabido -, como se não bastasse, agora estão escolhendo as vítimas pela presença de bebês a bordo.

!!!

Segundo o delegado, parece que a preferência é baseada no fato de as mães se apavorarem diante da ameaça aos filhos (ainda mais depois do ocorrido com o João Hélio). Assim, a ação dos ladrões seria “mais simples”.

Eu nem sei como classificar uma nota como esta.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Alarmista

Pela calçada empurrando o carrinho. Um senhor passa e se estica todo para olhar para ela. Quando penso que vou ouvir um elogio (tão comum, hoho), ele espeta:

- Ela tá com um negócio na boca.

Fui olhar, era uma pontinha do cinto de segurança do carrinho. Inofensiva, claro. Mas o jeito do homem falar, parecia que ela ia engolir uma moeda a qualquer momento. Áspero, do tipo: cuida direito dessa pobre criança! Me acusando.

Tadinho, vai ver não cuidaram direito dele e ficou assim.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Casa de bebê



Essa foto é de uma vitrine em Buenos Aires. Eu estava grávida de 5 meses - há quase um ano -, e ainda não sabíamos o sexo do bebê. Tínhamos feito um utrasom antes de sair daqui (queríamos saber se era menina ou menino para fazer as primeiras comprinhas de roupas), mas ela se negou a colaborar. Apareceu sentadinha e com as mãos na frente do “X” da questão. Ou seria o Y?

A loja ficava ao lado do hotel. Todo dia passávamos ali e ficávamos namorando os carneirinhos. No último dia, entramos e compramos aquele pequenininho que está deitado “de bruços” com um travesseiro nas patas.

Tiramos a foto naquela onda de mostrar quando ela crescer: "olha o seu carneirinho na vitrine da loja, nesse dia você estava na barriga da mamãe"... E encarar mil perguntas, claro.

É tão bom lembrar isso. Parece que foi ontem.

**
A decoração mudou um bocado desde que ela nasceu. Um bebê redecora a casa toda, não só o quartinho. Aqui se vê, de relance: o sofá, a mesinha de centro, um leãozinho colorido, o piano, os livros, o palhacinho de pano e o ursinho grudado na sua bola sonora de João-Bobo. Ah, e um tapete emborrachado de quebra-cabeças com o alfabeto e figurinhas mil.

Antes, não tínhamos os animais e todas essas cores. Vivíamos pensando em chamar um decorador para dar um jeitinho. Mas fizemos coisa bem melhor.

Era uma casa muito engraçada.



PS: O carneirinho está no berço (que é para ela dormir contando carneirinho, claro).

sábado, 15 de setembro de 2007

Zero dieta

Estou de volta. Primeira novidade: FINALMENTE o pediatra me liberou da dieta rígida da amamentação. Ela já está com 7 meses e, segundo ele, agora eu posso comer de tudo. Vocês não sabem o alívio que estou sentindo. Saí do consultório, literalmente, aos pulos. Quero comer o mundo. Ele avisou: não vá enfiar o pé na jaca! Tudo bem, na jaca eu não enfio. Mas no brownie com sorvete, no chocolate amargo, no cappuccino, nas trufas, no sushi, no camarão, nos queijinhos, empadinhas, pastéis, pizza, lasanha...

Urgente: comprar uma esteira e um pula-pula. Vou empilhar um em cima do outro e pula-pular correndo, cantando e dançando com um pompom em cada mão.

- Mãe, o que você está fazendo? – Ela vai me questionar, com a sobrancelha arqueada.

- Sshhh... A mamãe está estudando, filha.

- Estudando o quê?

- Estudando uma maneira de incrementar esse exercício com um bambolê e uma peteca. Você me empresta esse chocalho?

Pobrezinha.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Papinha de bebê

E por falar em primeira papinha de bebê, aqui vai um videozinho ótimo de uma menina provando os primeiros sabores.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Menino ou menina?

Saí empurrando o carrinho de manhã cedo; fomos fazer nosso jogging juntas. De vez em quando ela olhava para trás e me abria um sorrisão (Deus achou que a minha vida precisava de mais cores e botou essa menina dentro da minha barriga, só pode).

Pois uma mulher nos parou em plena pista de caminhada.

- Nossa Senhora, benzadeus, que coisa mais linda!

Claro que adoramos elogios. Agradecemos, envaidecidas. Mas acontece que ela não tinha a menor pressa e continuou a prosa.

- Olha que simpatia. Coisinha fofa, tá rindo para a titia? A titia adora criança.

- He he...

Eu não sei o que dizer nessas horas, então faço “he he” e fico com a maior cara de três pontinhos. Paradas na pista de caminhada. Bicicletas indo e vindo. O sol esquentando. O que é que a gente deve falar? Convido para um café? O pior da minha timidez é quando ela esbarra na autocensura, me sinto uma pessoa horrível. Nessas horas nenhum pombo faz cocô na gente, que aí era fácil, uma fatalidade...

- Uma criança ilumina a vida da gente.

Verdade. Três pontinhos.

- Qual é a idade?

Seis meses. Três pontinhos. (Meu reino por um pombo).

- Já come papinha?

Sim. Três pontinhos. (Os pombos entraram em extinção de repente?).

- Olha como é forte esse garotão!

Garotão?? Minha filha vestia um body cor-de-rosa e, não bastasse, usa brincos. Perdi a timidez na hora.

- É uma menina. (Ponto final).

- Ah! Desculpe! É que não dá para perceber, tão novinha, né?

- Pois é. (Como assim? Como assim? Como assim?).

- Ainda mais com essa roupinha vermelha.

- Pois é. (Onde foi que você comprou esses óculos de sol, hein? É rosa! Rosa!). Mas também tem o brinquinho, ó...

- Hein? Onde? Ah, ali, bem escondidinho.

Certo, da próxima vez compro duas argolas e penduro uma em cada narina. Dessa mulher maluca.

sábado, 25 de agosto de 2007

Como agradar um bebê

Peguei o violão e cantei Ciranda Cirandinha para ela. Me olhava, atenta. Cantei de novo. Olhava. Cantei e sorri. Ela não movia um músculo.

Cantei A Canoa Virou, a mesma coisa.

Cantei Ai Bota Aqui (o teu pezinho), idem.

Cantei Atirei o Pau no Gato e fiz MIAAAAUUU escandalosamente com uma careta totalmente apelativa. Ela riu que se dobrou.

Claramente não estava nem um pouco interessada nas minhas qualidades artísticas. Pegou foi amizade pelo bichano, mas antes assim.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Papinha (parte II)

A segunda papinha já foi mais bem aceita e a terceira, hoje, foi mais da metade. Fico olhando para ela e abrindo minha boca, sorrindo, falando agudo e fazendo “hummmm” mil vezes. Depois me dou conta do ridículo, mas nem assim paro.

Se eu fosse completamente sincera, olharia bem séria para ela e diria:

- Vale a pena encarar essa papa agora, minha filha, para depois não ter problemas com pato assado, risoto de funghi, terrine de bacalhau, salmon skin, foie gras, rocambole de laranja, toucinho do céu, pudim de claras...

Mentira também. Mais honesto seria:

- Vale a pena encarar essa papa agora, minha filha, para depois ter problemas com pato assado, risoto de funghi, terrine de bacalhau, salmon skin, foie gras, rocambole de laranja, toucinho do céu, pudim de claras...

Mas as mães não são sinceras. As mães são felizes.

domingo, 19 de agosto de 2007

Primeira papinha

Fomos ao pediatra, consulta de seis meses. Toda saudável e linda. Engordou 550 gr e cresceu 2,5 cm no último mês. Só com leitinho holandês da mamãe aqui. E foi a última vez que eu disse isso; acabou minha exclusividade. A partir de agora, vai entrar na papinha. Ontem, primeiro dia, rejeitou solenemente. Fechou a boca, fez que ia vomitar, engasgou, cuspiu tudo fora. Chorou.

Olha, eu não sou de frescura, mas fiquei com o coração na mão. Impressionante como isso me toca, as insatisfações da minha filha. Repito, não sou de frescura. Pobrezinha morria de fome e não se entendia com aquela papa de jeito nenhum! Primeiro dia é assim mesmo, todo mundo diz, tem que ter paciência, blá blá blá, vai acostumando, etc. Li num livro que pode demorar meses.

Tudo bem, eu agüento. Mas vou engasgando mais do que ela.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Cesariana

- Mais 4 minutos e ela vai nascer.
- Jura?
- Três e meio...

Achei mesmo que o médico estivesse brincando. Tenho uma mania de achar que os outros estão brincando nos momentos mais sérios da minha vida – a verdade é que estou tão nervosa que não consigo encarar os fatos, então fico para mim mesma: “he he he”. Para descontrair, sabe como é.

E, sabe como é, não adianta nada.

- Três e meio...
- O senhor tá de sacanagem!

Durante a cesariana, fiquei tão tensa que desandei a falar como um narrador de futebol. Não sou de dar chilique, então as pessoas acham que sou muito calma. A verdade é que disfarço muito bem, mas Deus sabe como isso me custa. Se alguém me pedir para ser espontânea nas horas tensas, prefiro a morte. Extravasar não é comigo, faltei a essa aula e não aprendi como se faz, mas, se a coisa aperta mesmo, engato uma quinta e parece que engoli uma missa em latim.

- Estou com falta de ar. Falta de ar. (Para o meu marido:) Eu estou bem? (Para o anestesista:) Está tudo bem? Eu estou com falta de ar, não sei se já disse. Gozado, parece que tem alguém mexendo em mim. (Estavam abrindo a minha barriga e tirando uma criança de dentro dela.) Estou sentindo um tranco esquisito. Me deu uma tontura. É normal ter sono nessa hora? Já falei sobre a falta de ar? Me falta o ar.

De tanto eu repetir que me faltava o ar, puseram uma máscara de oxigênio. Adorei o barato que aquilo deu, mas até agora tenho dúvidas se não era placebo para eu calar a boca, o que seria bem feito.

Ela nasceu à 1:08 da tarde.

- Quer ver? – Perguntou o pediatra.

Dessa vez eu não fiz “he he”. Encostei pela primeira vez na minha filha e me faltou, além do ar, também o latim.

- Efdjweudhvgq gtdwb fewbqrpoue.

Urgente, uma língua para o indizível.

**

Apagando meia velinha


Hoje ela faz seis meses. Comeu banana amassada. Fez mil caretas, depois abriu o maior bocão como quem diz: é só essa porcaria mesmo que tem? Então me dá mais!

Puxou à mãe.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Melhores e piores - até 6 meses

Fiz uma listinha de “melhores e piores” para bebês até 6 meses de idade. Logicamente, tudo aqui é subjetivo – e o que vale para mim pode não valer para você. Mas também pode servir como um ponto de partida para quem não tem experiência nenhuma, e pode ser uma referência a mais para quem já tem. Adoraria que vocês também deixassem as suas dicas.
***

Fraldas descartáveis

Melhor: Pampers Total Confort (pacote verde).
A Turma da Mônica também é muito boa, mas deu alergia e tive de trocar.

Pior: Johnsons. É muito ruim mesmo. Até a “noturna”, que é menos pior, deixa a desejar.

Algodão

Melhor: Disparado o Johnsons, em bolinhas. Aqui no Rio está sumido do mercado.

Pior: Apolo. É um tijolinho.

Roupinhas

Melhor: os bodys e os macacões são muito mais práticos.

Pior: camisetinhas com gola pequena (dá aflição passar a cabecinha do bebê por elas) e mangas justas. Camisetas, em geral, são um pouco chatas porque vivem subindo e a barriga acaba ficando de fora.

Para fazer dormir

Melhor: preparar o ambiente, reduzir a luz, enrolar o bebê numa manta (pode ser uma toalha de fralda se estiver calor), segurar um pouquinho na posição vertical e depois colocá-lo no berço, ainda acordado. É muito importante que ele aprenda a dormir já no berço.

Pior: ninar o bebê, balançá-lo e ficar andando com ele de um lado para outro. É péssimo acostumá-lo a só dormir com um balancinho, porque ele vai ficar cada vez mais pesado! Além disso, se acordar no meio da noite, não vai saber se acalmar sozinho e adormecer outra vez. Vai sempre precisar de alguém disponível para niná-lo.

Amamentação

Melhor: para as primeira semanas, pomada Lansinoh – recomendada pelos médicos, evita rachaduras nos mamilos e não precisa ser retirada quando o bebê for mamar.Tiro e queda.

Pior: não obter ajuda. O bebê precisa pegar o seio corretamente, e isso pode não ser fácil se você não tem alguém experiente ajudando. Particularmente, acho muito difícil entender o processo a partir da descrição encontrada em livros e revistas. Tem que ser na hora, vendo, corrigindo e tendo muita paciência até obter uma mamada confortável para ambos.

Brinquedos

Melhor: os coloridos que fazem algum barulho quando manipulados.

Pior: toalhas de mesa. Você se distrai e eles puxam mesmo!

Troca de fraldas

Melhor: nunca tinha ouvido falar nisso, mas começamos a fazer e deu certo (aprovado pelo pediatra): logo que tiro a fralda, encosto levemente uma folha de papel-toalha no bumbum dela para absorver o “excesso”. Depois, fica mais fácil limpar com algodão e água morna. A melhor marca é Snob – mais grossa e resistente.

Pior: geralmente a criança é trocada em seguida depois de mamar. Quando levantamos as perninhas dela para limpar o bumbum, a pressão no estômago pode causar vômito. É legal fazê-la arrotar após a mamada, e dar um tempo entre uma atividade e outra.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Curso de bebê

* Flashback - texto de quando eu estava grávida.


Fomos ao tal curso para casais grávidos (é assim mesmo que chamam). Fiquem calmos, ainda não afoguei a boneca na banheira porque o capítulo do banho é só no próximo sábado. Ando ansiosa.

No geral, foi ótimo. Aprendi coisas fantásticas sobre parto, amamentação e cuidados com o bebê. Mil exemplos, mas aqui vai um ponto alto: se o bebê chorar – e vai chorar -, não se deve começar oferecendo o peito (que se chama “mama” nos ambientes respeitáveis, fui aprender agora, antes tarde do que nunca).

Se o pequeno chorão der com a mama diante da sua boca, irá sugá-la por puro instinto. Mesmo sem estar com fome. A confusão estará instalada: desregula-se o ritmo da mamada e, depois, para arrumar tudo de novo, vai ser um parto (ops!).

Então eles sugerem uma seqüência de checagem do choro. Cocô? Xixi? Calor? Frio? Cólica? Dor de ouvido? Etc. Já me esqueci da ordem correta, mas trouxe a apostila em CD ROM e vou estudar direitinho em casa. Assim, na hora do nervosismo-pega-pra-capar, estarei totalmente apta a esquecer tudo de novo e gritar bem alto, chamando pelo pai dela – que virá correndo me atender e começará a checar, agora em mim: cocô, xixi, calor, frio... E é capaz de encontrar tudo isso, no desespero a gente nunca sabe.

Se nenhuma das alternativas anteriores e malcheirosas for a correta, o pimpolho faz cara feia é de fome mesmo. Aí, segundo consta, é só com a mãe e sua mama (não me refiro a avó, mas ao peito, com todo o respeito). Parece simples.

Além disso, para verificar incômodos como dor de ouvido ou cólica, a medida não poderia ser mais elementar: aperte o ouvido. Se piorar, era dor de ouvido. Ora, isso eu sei fazer!

Na hora da cólica, o médico/professor veio desafiando os alunos: alguém sabe como se faz para ver se é cólica?

Bom, eu não quis dizer a verdade. Que minha filha e eu já desenvolvemos um fino sistema de placas, cada qual com letras coloridas e desenhos da Minnie, em que ela levantará o cartaz “CÓLICA” se estiver com cólica, assim por diante. Não tive coragem de confessar. E, como o método usado pelo médico - lançar perguntas desafiadoras e ficar esperando hooooras até que um tímido se manifestasse – já estava cansando a nossa beleza, resolvi fazer uma graça.

- Aperta o bebê!... Estica! (E sorri amarelo, estimulando outras risadinhas tímidas dos colegas).

Me dei mal: quis fazer piada, mas acertei sem saber. Era isso mesmo. Pressionando um pouco a barriguinha – se o choro piorar, é cólica – ou espichando as duas perninhas do baby, resolve-se a parada. Isso porque tendência dele é ficar encolhidinho quando sente esse tipo de dor.

Resumindo: se o bebê chorar, é melhor – para ele - que esteja bem sujo de cocô ou urina. Caso contrário, é tarefa da mãe sair judiando da criança (beliscando, apertando, puxando, esticando) até que alguma dessas ações produza o efeito esperado: piorar o choro. Aí, conclui-se o motivo e liga-se para o pediatra:

- Doutor, socorro! Não sei o que deu nessa criança! Está chorando e agora berra cada vez mais alto, parece até que alguém apertou o bichinho...

Hoho.

terça-feira, 31 de julho de 2007

Tempo, vida, estréia

Quando eu estava grávida, gostava de brincar que ela já existia do lado de fora da minha barriga. Ficava imaginando como seria. Entrava pela sala e olhava para o sofá, por exemplo.

- Filhota! Diz oi para a mamãe.

Mas ela estava distraída com um chocalho colorido e não dizia.

- Filha, olha quem chegou: a mamãe! Diz oi, diz.

Nada.

- Só um oizinho...

Eu conseguia ouvir o chocalho, a buzina do caminhãozinho, a música do móbile; só não conseguia ouvir a voz dela. Tem coisa que a vida guarda para o momento da estréia. Sabiamente.

***

Agora que ela tem cinco meses, gosto de brincar que ela não existe. Entro pelo quarto, disfarçadamente, assobiando. Olho aquelas cores e digo para mim mesma “isso ficaria muito bem num quartinho de bebê”.

De repente, flagro aquela menininha risonha no berço. Caramba! Quem botou essa criança linda aqui? Danou-se. Será que eu vou saber cuidar?

Será, será, vou dizendo e pegando minha filha nos braços. Agora ela tem cinco meses. Agora ela tem quinze meses. Será, será. Agora ela tem dois anos, três, dezoito, quarenta. No meu colo, risonha, com cinqüenta e sete anos. É mais velha do que eu.

Meu Deus, será que eu soube cuidar direito dessa senhora?

***

Eu, grávida de seis meses, fazendo análise.

- Não vou saber o que dizer para uma adolescente. Sou incapaz. Tenho absoluta certeza, vou ser um fracasso como mãe de adolescente.

E a minha analista, paciente com sua paciente:

- Calma. A primeira coisa é deixar que ela nasça.

***

Com 12 anos, escrevi num diário um “recado para mim mesma”. Tinha toda uma teoria: a máquina do tempo existia, sim, e ali eu pretendia conversar com a “mim mesma” do futuro. Fiz lá umas previsões do tipo pretendo estar assim aos 20, assim aos 30 e assim por diante.

Alguém nunca fez isso?

Estapafúrdias as minhas previsões. Queria ser psicóloga, não fui. Errei alguns quilos para cá, centímetros para lá. Mas acertei a cidade, queria muito morar no Rio.

Listei uns trinta nomes de possíveis maridos para mim mesma me casar com “pelo menos um deles” (pelo menos um?) aos vinte e poucos. Assim, se eu encalhasse, não seria por falta de sugestões. Seria encalhamento mesmo. Marcelo, Maurício, Eduardo, João, Guilherme. Quis fazer uma lista bem imparcial, procurei nomes que não correspondessem aos dos meus coleguinhas de turma. Mas roubei de mim mesma e enfiei no meio um colega do caratê. “Caratê pode”.

Golpe do destino: casei só aos vinte e muitos, com um homem de nome lindo e até bastante comum, mas que eu nunca tinha namorado ou paquerado antes. E não tinha no caratê.

Tem coisa que a vida guarda para o momento da estréia. Sabiamente.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Menininha cantora

Acho que todos já devem ter assistido a esse vídeo, mas nunca é demais rever a menininha inventando suas melodias. Linda!

terça-feira, 24 de julho de 2007

Resfriado de bebê

Ai, que dó. Primeiro resfriado dela. Nada preocupante, só uma sucessão de espirros - que parecem nem caber direito naquela boquinha -, tosses seguidas de susto e um narizinho escorrendo. Ela esfrega, irritada.

Ai, quanta dó.

Claro que me bateu paranóia. Meu Deus, e quando for alguma coisa séria? Se eu já fico nessa pena imensa só de observar a chateação mínima de um resfriado vagabundo, que espécie de surto vai me dar quando ela realmente adoecer? Machucar? Magoar?

Eu mato o desgraçado.

Se ela usar óculos, e alguém a chamar de quatro-olhos (como aconteceu comigo)? Pior: se ela chegar de óculos, pela primeira vez, e ninguém nem perceber? Se o marido – ai, o marido! – não notar?

Eu mato o energúmeno.

E quando ela experimentar uma calça jeans e não ficar legal, e ela culpar seus próprios quadris, e não aceitar meu consolo? E se um menino olhar torto na direção dos seus quadris? E se olhar reto?

Eu mato o *(#$@%¨#@#!!!

Ser mãe é querer esfolar o vento sem caráter que achou de soprar justo no rostinho que você nunca queria ver fazendo atchim.

domingo, 22 de julho de 2007

De cabeça para baixo

Todo dia uma novidade. Agora ela está no colo da gente, sentadinha, e começa a se inclinar para trás até fazer um “U” invertido com as costas. O topo da cabeça encosta no sofá e ela aprecia o mundo invertido. Risonha.

Filha! Mal conhece o mundo de cabeça para cima e já quer torcê-lo de ponta-cabeça?

Para ela, vai ver que faz sentido.

- Dá licença de eu começar pela ponta que julgar mais adequada?

Vai ver que me diria. Ou nem. Diria:

- Adequada mais julgar que ponta pela começar eu de licença dá?

- Hein?

- Pô, mãe.

Dá uma certa angústia, mas vê-la tão confortável na posição me provoca também umas alegrias estranhas – alegrias de mãe de primeira viagem. Ela está curtindo. Eu estou segurando o que posso segurar (para ela não cair) e deixando solto o que é preciso para que curta a brincadeira do seu jeito.

Acho que vai ser mais ou menos assim.

**

- Mãe, um dia a gente vai no Japão?

- Ao Japão, filha.

- Então você me leva?

- Calma. Eu disse ao Japão porque é assim que se fala. E não “no Japão”.

- Oba! A gente vai?

- Aonde?

- No Japão!

- Ao! Ao!

- Au! Au! (Imitando um poodle). Oba! Você me leva no Japão e ainda me dá um cachorrinho?

- Você está torcendo tudo, filha.

- Por isso mesmo que eu quero ir no Japão.

- Ao Japão!

- Isso! Para inverter tudo. Ao Japão dizem que é tudo de cabeça para baixo.

- Agora seria “no Japão”...

- Agora? Mas eu nem arrumei a mala!

- Peraí. Vamos começar tudo de novo?

- Pode ser de ponta-cabeça, como ao Japão? Mãe, só tem um problema.

- Qual?

- O cocozinho.

- Você fez cocô de novo?

- Eu não, o nosso cachorrinho. Ele vai fazer cocô de cabeça para baixo e vai cair tudo na nossa cabeça.

- Quando a gente perceber que ele está fazendo cocô, a gente desvia.

- Aí vai cair no céu, né? Vai sujar o céu do Japão e o rei vai expulsar a gente. Eu não quero ser expulsa do Japão por causa de cocô de cachorro!

Respiro fundo. Japão. Cachorro. Rei. Céu. Cocozinho.

- É o seguinte. Sabe aquele perfume vermelho da mamãe? A gente leva para o Japão. E, quando o cachorrinho fizer cocô no céu, a gente abre o vidro de perfume e deixa cair todinho.

- Porque no Japão as coisas caem para cima!

- Isso. Assim, o céu vai ficar todo perfumado. E vai chover cheiroso. O rei vai ficar feliz e agradecido porque o Japão vai ser o único país do mundo onde a chuva virá como água de colônia. E vai nos dar cinco cachorrinhos japoneses de presente. Não é legal?

- Muito. Mas tem um probleminha.

- O que é agora?

- Os cachorrinhos vão fazer mais cocô no céu, e a gente vai precisar de mais perfume. Vai sair muito caro! É melhor a gente dar um remedinho para o nosso cachorro não fazer cocô no Japão.

- Coitadinho!

- Não faz mal, mãe. Ele faz cocô quando a gente voltar. Eu queria mesmo voltar antes de ficar noite.

- Então a gente só vai ao Japão dar uma voltinha? Nem vamos dormir lá?

- Claro que não, mãe! Você tá maluca, dormir de cabeça para baixo??

terça-feira, 17 de julho de 2007

Dor nas costas (e como acabei dançando tango)

Sofro de um problema lombar que não tem cura: hérnia de disco. Para prevenir o pior (a crise, quando parece que tem um DJ promovendo uma rave nos meus discos), faço Pilates. Ou melhor, fazia; parei no oitavo mês de gravidez. Minha filha tem cinco meses, e eu ainda não voltei...

Mas o DJ voltou, implacável.

Lara está pesando 6,4kg de pura fofura e graça. Mamãe aqui, empolgadíssima, acabou exagerando no senta-levanta-senta-levanta com o bebê no colo, e deu no que deu. Dei uma travada histórica, fui parar na fisioterapeuta.

De roupinha de ginástica, em frente ao espelho.

- Fica reta.

Já ouvi essa conversa. Elas mandam a gente “ficar reta” e a gente até tenta, mas não é possível satisfazê-las jamais.

- Fica reta.

De novo?

- Fica reta.

Era a minha cabeça que repetia para mim mesma. “Fica reta”. Espelho, espelho meu. Estou calejada, conheço esses refrões fisioterapêuticos de longa data. Acabo sempre desafinando no final.

- É... (a fisioterapeuta me olha e bufa com discrição, como se isso fosse possível).

Primeiro ela diz que eu “fiz” uma torção, ou algo assim, nos ossos da bacia.

- Você está na posição do tangueiro.

- Tango?

Era isso mesmo. Parada em frente ao espelho, pareço um bailarino de tango “requebrando” os quadris. Sabe a foto de divulgação do espetáculo, quando o bailarino joga os quadris para um lado para fazer charme? Assim sou eu. Tirando o charme.

- Pelo menos não é lambada, né? (Rio amarelo, rá rá. Ela não acha graça. Bailei sozinha).

Seguimos consulta adentro como se nada tivesse acontecido, e tudo ia acontecendo cada vez mais. Minha hérnia. Minhas bacias e meus baldes. Minhas dores. Meu sacro. Minhas costelas. Meu bebê!

- Dói assim?

- Rá, nadinha. Quantos pontos valia essa?

Droga, soltei outra piadinha. Não me controlo nem depois do tango! Desculpe, mas é muito engraçado a pessoa cutucando e a gente dizendo se dói. Sempre quero me fazer de “macha”, e sempre desisto na segunda cutucada. Perde-se completamente os brios.

- Pronto. Agora vá para casa e pratique esse exercício 200 vezes por dia. Você vai ficar ótima.

Saí de lá aliviada da coluna, mas cheia de dor nas pernas. E com um dever de casa que combina perfeitamente com a maternidade: repetir uma coisa até a exaustão, e depois começar tudo de novo!
**

PS: Já que estou a meio caminho andado, quem sabe agora até aprendo a dançar, né?



Trecho do filme “Perfume de Mulher” (1992). Al Pacino e Gabrielle Anwar dançam Por una Cabeza, de Carlos Gardel

quinta-feira, 12 de julho de 2007

No elevador (sem bebetiqueta)

Entramos no elevador. Bebê sempre é um alívio nessas horas, porque evita o constrangimento implacável daquele cubículo. Todo mundo sabe o que dizer. Que bonitinha, que fofinha, quantos meses? Parece com a mãe, etc.

Mas a mulher inovou.

- Cobre o pezinho dela!

- Quê?

- O pezinho. Tá muito frio para andar com o pezinho dela pelado assim!

(Está fazendo um calor do cão. Aliás, esse decote não lhe cai nada bem. Não tinha um sutiã cor da pele, não? Sei, não tenho nada a ver com isso. Já que tocamos no assunto: o que é que você tem a ver com o pezinho da minha filha, mesmo?).

Não disse nada disso. Fiquei calada, mas ela não.

- Sabe duma coisa? A doença entra é pelo pé!

(Pena que a sua entrou pela cabeça, né?).

- Eu trabalhei 20 anos com criança, escuta o que estou dizendo. Doença entra pelo pé. Pelo pé! (Arregalava os olhos, o dedo em riste) Põe uma meia na pobrezinha.

(Pobrezinha deve ser a sua filha).

-Trabalhei 20 anos com criança. Antes de trabalhar com cachorro eu trabalhava com criança!

Ah, tá explicado.

terça-feira, 10 de julho de 2007

Diálogos com bebês

Começando pelas vogais

A primeira vogal que ela emitiu e repetiu concordava com tudo. “É... é... é...”. Oba! Um bebê cordato.

- É... é...
- Fala pra mamãe. É verdade que você é a menina mais linda do mundo todo?
- É...
- E agora você já mamou e vai dormir bonitinha?
- É...
- E, quando crescer, vai ser bem comportada, carinhosa, cheirosa e mais linda ainda?
- É...

E por aí vai. Algumas semanas depois, comecei a perceber que ela canta os seus refrões de “é” quando está ficando com sono. É, como um mantra que já vem embutido e lhe acalma. Muito bem ritmado, cadência perfeita. Fantástico é.

Só tem um probleminha. Quando, por alguma razão, não posso colocá-la para dormir naquele momento, a música “éé” começa a ficar mais alta (parece que tem um DJ lá dentro, apertando botõezinhos), e depois mais alta ainda, éééé, éééééé, ééééééééé, até que evolui para um mix de ééééé com barulho de motor de carro arrancando (esses DJs inventam cada coisa), mais alto e cada vez mais rápido, ééé, ééé, ensurdecedor (meu Deus, essa rave vai terminar é quando?).

Ah, os jovens não têm horário para nada. Dou-lhe a chupeta, não aceita. Cospe fora, assim como cospe meus conselhos e apelos para que se acalme, pelo amor de Cristo Nosso Senhor, estamos num local público! E o DJ mandando bala (tomou umas e outras).

Nesses casos extremos, a solução tem três letras: pai. Não me perguntem por que cargas d’água isso ocorre, mas é fato.

- Vem pro colinho.

É assim que ele diz, colinho. E acomoda nos braços aquela pequena criatura gritante, que toca sua barba com a mãozinha babada, lança um olhar açucarado e – finalmente - adormece em profunda e invejável paz. DJ no olho da rua.

Mas é só no colinho do pai. Se eu pego esse tal de Freud.


A língua das mães

Você sabia que existe uma língua especial das mães? É o manhês (em inglês: motherese). Segundo pesquisas feitas por psicolingüistas de várias partes do mundo, a mãe se dirige ao bebê usando uma linguagem caracterizada pela presença de diminutivos em frases curtas e simplificadas, sempre com timbre mais agudo e uma melodia de altos e baixos bem marcados.

Sotaque materno? É mais ou menos isso, e parece que a fala cantada das mães faz com que os pequenos tenham uma clara preferência pela sua voz.


Diálogos com bebês

Mais interessante ainda é constatar que os “diálogos em manhês” são fundamentais para os bebês. Trata-se de uma função materna: atribuindo significados para os sons que os bebês emitem, e promovendo uma conversa entre os dois, a mãe dá ao filho a condição nova de interlocutor. Mesmo que ele não diga nada e que as “traduções” da mãe sejam mera fantasia, é assim que o bebê passa a existir no campo simbólico. E essa nova condição – de ter algo a dizer, responder, revelar – introduz ao relacionamento a incompletude materna.

* Minha fonte foi o trabalho “Por que falar ao bebê se ele não compreende?”, da psicanalista e doutora em lingüística Severina Sílvia Ferreira, que foi apresentado no II Congresso Nacional sobre o Bebê: Psicanálise e Interdisciplinaridade - Recife, setembro/2000.
Leia aqui.

PS de mãe: Tudo muito belo, mas meu ego ficou passado com essa história de “incompletude materna”. Se eu pego esses psicanalistas!

**

Achei dois exemplos lindinhos de diálogos com bebês. No primeiro, um pai todo bobo incentiva sua Julia a falar. Escolhi esse de propósito, para questionar: o que será que os psicolingüistas já sabem sobre o “paiês”? Aqui em casa ele faz um sucesso danado. Nesse vídeo também.



Nesse outro vídeo, uma linda garotinha já está aprendendo mesmo a falar. Dá tchauzinho no final e tudo!

domingo, 8 de julho de 2007

Body para bebê internauta



Adorei o body para nerdzinhos!

Daqui.

sábado, 7 de julho de 2007

Bebetiqueta - a etiqueta para os bebês

Precisávamos dar uma reforçada no enxoval. Chegamos à feira de bebês quase na hora de amamentar. Havia lá, naturalmente, um “espaço amamentação” (ou algo assim). Então, seguimos as placas.

No local indicado, encontrei uma mulher sentada numa cadeira, dessas de escritório (a cadeira, não a mulher), e um carrinho de bebê vazio do lado. Nenhum bebê. A mulher olhava para os lados.

- Oi. Cê quer dar de mamar?
- Isso.
- É ali, ó. Eu não entrei porque está lotado.

Dentro da salinha apertada, poltronas e pufes bem simplezinhos acomodavam três ou quatro lactantes e seus famintos bebês. Espiei, curvando o pescoço para ser discreta, mas todo mundo me olhou.

- Pode entrar!!!

Quem me deu a ordem (com três pontos de exclamação) foi uma senhora de cabelos grisalhos arrepiados. Tinha os pés descalços em cima de um pufe. Era a única sem-bebê do pedaço. Entrei.

- Pode sentar, senta aê!

“Sentaê!” (Isso é jeito?). Sentei aê assim mesmo. Olhei as colegas. Cada qual tinha a cabeça baixa e nenhuma vergonha do seio desnudo, mas muito constrangimento pela mulher do sentaê. Que peça.

Pensei: não vou dar trela. Pois a mulher fazia perguntas a todo momento, a todas as moças presentes, sobre os cuidados com os bebês. Perguntas do tipo “teste”. E dava aulas. Pior, ordenava:

- Agora põe ele para arrotar. Faz assim, bate nas costinhas dele. Assim, ó! (E fazia o gesto num bebê imaginário que, decerto, arrotava loucamente em seus braços).

Minha filha já estava mamando. Abri o celular, involuntariamente, e comecei a apertar os botõezinhos – depois me dei conta de que fazia isso na esperança de me tornar invisível aos olhos daquela indelicadeza em forma de senhora. É incrível como apenas uma pessoa consegue estragar um ambiente supostamente normal.

Primeiro, pensei que ela fosse parente de uma daquelas mães. Que nada, cheguei à conclusão: era uma “consultora de amamentação”. Cristo!

O clima foi piorando. Chegou uma menina com um bebezinho recém-nascido. Todo mundo deu boa tarde e pronto. Mas a nossa consultora, claro, teve de puxar papo duas oitavas acima do tom que seria adequado.

- Credo! Quantos dias tem essa criança?

A mãe respondeu, oito dias. Ela deu um pulo.

- E você traz essa criatura para uma feira? Jesus! Mas ele nem tomou as vacinas ainda!

Todas nós estávamos estranhando o fato, realmente. O bebê era novinho demais. Eu não faria. Você não faria. O pediatra não recomendaria. Mas não era assunto da minha conta! Da consultora, era. Ainda queria saber mais.

- E qual a sua idade?

Dezesseis anos tinha a mãe do recém-nascido. E ela, indignada:

- Uma criança que vai criar outra criança!!!

Constrangimento geral. Um bebê começou a chorar, graças a Deus, e o assunto morreu ali.

Deveria haver uma coisa chamada bebetiqueta. A etiqueta do bebê. Frases que você deve evitar dizer a quem está com um bebê, na barriga ou nos braços. Aliás, isso poderia virar um livrinho, que seria o maior fracasso editorial, porque ninguém iria comprar. Por dois motivos: primeiro, quem tem “semancol” não precisa de um manual de etiqueta. Segundo, quem não se manca não quer jamais se mancar. Se quisesse, já teria tomado jeito.

Terminei de amamentar e saí de lá com a vantagem de não ter sido interrogada, testada ou esculhambada pela professora sem modos. Mas já tinha bolado um plano. Se ela viesse me abordar, eu começaria a olhar para todo canto e, dando altas risadas, pediria que ela me mostrasse a câmera escondida.

- Já sei que é pegadinha! Oi, mãe! Tô na TV!

Ah, pena que ela me deixou em paz...

terça-feira, 3 de julho de 2007

Nasce o primeiro bebê de óvulo amadurecido em laboratório

Supernovidade para as tentantes (mulheres que tentam engravidar) com dificuldades: nasceu, no Canadá, o primeiro bebê de óvulo amadurecido em laboratório. Agora se sabe que é possível um óvulo imaturo, retirado de um ovário não estimulado, sobreviver ao processo de congelamento e descongelamento, e depois ser fertilizado com sucesso.

O tratamento foi feito em 20 mulheres com ovários policísticos, das quais quatro engravidaram.

A esperança é que o procedimento seja também viável para mulheres com câncer. Como a quimioterapia pode prejudicar a fertilidade, a solução seria coletar e congelar o óvulo da paciente antes que ela se submeta ao tratamento.

Leia a matéria aqui.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Grávida em boa forma

A vaidade, a bruxa e o sargento

Quando engravidei, minha vaidade (que, às vezes, toma a forma de uma bruxa com espírito-de-porco, cabelos ressecados e unhas lascadas) me puxou para um cantinho da consciência e cutucou: “Pronto! Pode dar adeus à forma razoável em que você se encontra. Babaus, darling!”.

Sabe bruxa perua?

E, em seguida, veio o sargento (tem um sargento que mora em mim) tirar proveito.

- Não quer ser mãe?? Então, tem que pagar o preço! Bem feito. DEZ FLEXÕES, AGORA!!!

- SIM, SENHOR!

Ele finge que manda, eu finjo que obedeço. Já o mandei plantar seus polichinelos noutra freguesia mil vezes. Mas ele só fingiu que foi.

Passei um tempo me dedicando ao desespero. Como boa descendente de italianos, exagerada, achei que fosse engordar 40kg e que minha silhueta iria cobrir o Maracanã. Por mais que me dissessem que não era para tanto, eu duvidava e não negociava nem meio gol.

Com o passar das semanas (a gravidez é contada assim), entretanto, fui caindo na real e me propondo a fazer o que fosse possível para não arredondar mais do que o necessário. Deu certo. E nem foi tão difícil assim.


Como engordar pouquíssimo na gravidez

Primeira coisa: caminhar. Segunda: caminhar, se possível, todos os dias. Terceira: se não der para caminhar todos os dias, caminhar quase todos.

Conto uma pequena historinha (verdadeira) para me dar credibilidade.

Eu nunca fui de praticar exercícios. Até os 24 anos, era completamente sedentária. Minhas investidas em academias e planos de atividade física “por conta própria” nunca deram em nada que durasse mais de três meses. Dois e meio...

Aos 24, tive uma crise horrorosa de dor na coluna e fui parar no médico. Era uma hérnia de disco. Recomendações: RPG e Pilates.

O primeiro me tirou da crise e me botou andando outra vez. O segundo se revelou uma ótima surpresa: enfim, um exercício que eu gostava de praticar!

Fui fazer Pilates para melhorar da coluna e acabei adorando. E, já que saía de casa duas vezes por semana para me exercitar, podia começar a caminhar um pouco... Vinte minutinhos (dez indo, dez voltando), só isso não ia me custar nada.

Achei fácil e, depois de algumas semanas, inventei uma regrinha: tinha de sair de casa todo santo dia para caminhar. Nem que andasse só 10 minutos, desse a volta na quadra. Mas tinha de sair. Sair era o mais difícil para mim - começar! Assim que percebi isso, fui direto na chave do problema. Criei a regra e só lucrei com ela. Passei a sentir prazer e considerar o hábito como um hobby – pensar na vida, ouvir música, olhar a paisagem...

Então, voltando à gravidez, foi a caminhada que me manteve em forma durante os nove meses. Também foi ela que me ajudou a emagrecer rapidinho depois do parto.

Claro que uma alimentação equilibrada é fundamental, mas é fato: se você caminha, não sente tanta necessidade de comer muito, sobretudo bobagens. A endorfina que é liberada na atividade “sacia” o cérebro daquela sensação de prazer, e os doces viram artigo de luxo (só de vez em quando, em pouca quantidade).

Eu já caminhava antes de engravidar, mas acho que, para quem nunca teve o hábito, a gravidez pode ser um ótimo estímulo para começar.


Exercícios na gravidez

Também pratiquei Pilates até o oitavo mês de gravidez, e sei que há muitas grávidas que continuam na academia até quase a hora do parto. Assista a essa pequena reportagem sobre o assunto (repare na posição que a moça faz com a bola azul, quase no final do vídeo... Aquilo eu não teria coragem, não!!! Vocês teriam?).


sexta-feira, 29 de junho de 2007

Por que crescem os bebês?

Tempo - Yesterday

Ninguém avisa a gente com a devida ênfase – porque, nesse caso, a maior ênfase não seria o bastante -, mas é fato: quando o bebê nasce, o tempo acelera de um modo simplesmente inédito. Você acorda, se é que dormiu, e já é hora de dormir de novo, se é que vai dormir.

Escrevo enquanto ela emite sons experimentais aqui do meu lado, recostada no carrinho. Foi ontem (meu Deus! Foi on-tem!), pelo menos eu me lembro assim, ela estava chutando minha barriga pelo lado de dentro. Hoje, chuta pelo lado de fora. E emite sons experimentais.

Imagina quando ela souber que eu tive uma banda de rock. Yesterday...


Vestido casa-de-abelha

Outro dia ela ganhou um vestido. Enorme. Lindo, com casinha de abelha, branco com estampas coloridas. Abri o pacote e me surpreendi com a delicadeza da nossa amiga, com a beleza do presente... E com o tamanho.

Claro, as pessoas dão roupinhas maiores para os bebês, num ato gentil e inteligente: eles vão crescer! E rápido. Mas tem uma coisa que vem antes desse raciocínio. Chama-se sentimento. Quando segurei aquele vestidão (que, na minha exagerada memória, quase serve em mim!), o primeiro pensamento que me bateu foi: lindo! Pena que não dá na minha filhinha, que é um bebê de quatro meses.

Acorda, mamãe. É um bebê de quatro meses hoje. E meio.

- Pronto! É o vestido de aniversário de um ano! – Definiu o pai, esbanjando invejável tranqüilidade.

Um ano? Pirou?

Na minha cabeça apavorada, aquele seria o vestido de seis, sete ou quinze anos. Demora muito para ela ficar desse tamanhão, não demora? Vamos a Itu comprar um cabide gigante e guardá-lo bem no fundo da última porta do armário mais afastado da casa, ou do prédio...

Estou fazendo humor porque vivo disso, mas, na verdade, existe um paradoxo torturante (como o band-aid no calcanhar). Passo pela rua e vejo lindas meninas de um, dois, quinze ou dezoito anos, e fico logo imaginando minha filha arrastando sacolas comigo pelo shopping, correndo na praia, viajando conosco pelo mundo afora.

Ao mesmo tempo, uma fisgada no pé esquerdo: e quando ela for viajar sem a gente??

Subitamente, minha filhinha reduz seu (meu?) tamanho imaginário, e volta para o confortável lugarzinho de onde nunca deveria ter saído: meu seio materno. E ponto final.

Ponto final uma vírgula! Queira minha insegurança egocêntrica ou não, ela vai crescer. E vai caber direitinho naquele vestido casa-de-abelha imenso. E, um dia, o vestido não vai mais servir, e vamos experimentar 108 calças jeans que ficarão ótimas, mas ela se achará esquisita (ou magra demais, ou gorda demais, ou alta, ou baixinha, ou torta, ou sem bunda, ou bunduda) em TODAS elas.

E eu vou dizer “você está linda!”, e ela vai retrucar “você diz isso porque é minha mãe!”, finalizando com um risinho doce e uma pontinha de rebeldia no arrastar dos coturnos.

Ela já saberá que eu tive uma banda de rock.


Ultrasom e Beatles

Essa é a televisão da casa dos meus pais, onde assistíamos ao ultrasom, que veio com música de fundo – Beatles -, embasbacados com aquelas imagens nem um pouco nítidas da minha filha.



E quando é que eles se tornam nítidos? Como uma fotografia tirada em pleno movimento, nitidez e exatidão não parecem ser os pontos mais presentes na maternidade. Quando você pensa que está aprendendo alguma coisa, tudo muda. Brincadeiras e apavoramentos à parte (ou não!), é maravilhoso que assim seja. As boas emoções dispensam contornos, e a gente cresce é no chacoalhar dos limites.
**

Termino por aqui e deixo vocês com a belíssima canção “Michelle”, trilha do ultrasom que revelou, enfim, o feminino sexo da minha (hoje e sempre, independentemente do tamanho) pequena.

I love you, I love you, I love you
That’s all I want to say


E não sei por que crescem os bebês. Deve ser para lhes caber mais amor.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Minha história virtual

Tem muita gente nova por aqui, estou adorando tudo isso! Alguns vêm por indicação, outros caem de outras redes, pesquisando sobre casaquinhos de bebê e outras delícias que envolvem pimpolhos. Sejam todos muito bem-vindos.

Aqui eu faço “crônicas de maternidade”, mas me permito deixar o tema de lado e escorregar para outras conversas quando acho pertinente. Não demora muito, ouço aquele chorinho e entro no assunto outra vez...

Muitos me perguntam o porquê do subtítulo “crônicas...”, e querem saber um pouco mais sobre mim. Por isso, acabei de reabilitar meu antigo blog – que leva meu nome no título. Eu sou blogueira há seis anos, praticamente uma senhora em termos de blogosfera! Meus arquivos desbotados estão lá, recuperados em links e mais links, para não me deixar mentir. Uma história e tanto!

Desde 2001 eu trabalhei muito como cantora, compositora e baixista, gravei um CD autoral com a minha banda, viajei fazendo shows, cantei, toquei, cantei...

Também comecei escrevendo para sites e revistas literárias, publicando crônicas em coletâneas, colaborando com veículos de comunicação (os mais variados), e fui colunista da revista Época de 2004 a janeiro de 2006.

Em maio, engravidei. Em fevereiro desse ano, tive minha filha. E, em maio, comecei esse blog sobre maternidade onde muitos de vocês estão me conhecendo.

A partir de hoje, vou encarar a tripla jornada e manter dois blogs. Mas o dia-a-dia será aqui.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Por que gritam os bebês?

De uns tempos para cá, minha filha começou a gritar. Sem motivo nenhum. Um dia eu estava trocando suas fraldas, e ela soltou um agudo que furou o teto (que dirá meus ouvidos!). Levei um susto e comecei a procurar alguma causa objetiva para tamanho grito – teria se machucado? Apertei demais a fraldinha? A água estava gelada?

Nada disso: não havia razão aparente nem escondida. Simplesmente, achou de gritar. Na verdade, achou foi uma capacidade nova no rol das suas qualidades de bebê. Como não se desperdiça talento, decerto pensou: se eu posso gritar, é isso que vou fazer! E não parou mais.

Duas coisas observamos. Primeira, não é um grito de choro, nem mesmo parece contrariedade. Segunda (e mais divertida): ela se assusta com o próprio grito. E grita de susto. Assustada com o grito do susto, grita outra vez de susto do susto gritado. E assim vai...

Às vezes, dá impressão de que está de saco cheio daquela gritaria, e então grita em protesto. Arregala bem os olhos e bufa, indignada, talvez com o fato de “alguém” ter começado a gritar e não ter mais parado – brincadeira de mau gosto, deve achar. E outra, nunca grita igual. Pode ser que grite tanto por já ter esquecido como gritou pela primeira vez.

Dia dos namorados, saímos para almoçar e achamos bonitinho levá-la junto. Quando já estávamos no meio do caminho, lembrei-me da última moda.

- E se ela resolve gritar no meio do restaurante?

E ele, sereno:

- Imagina. Não vai gritar.

E não gritou mesmo. Em vez disso, descobriu novo talento: deu de fazer um barulho esquisitíssimo que muito lembra o motor de um carro arrancando, aliás, querendo arrancar. Ficou naquele ronca-ronca e não pegou no tranco – mas, que alívio!, todo mundo em volta achou fofo. Ou fingiu muito bem.

Mas, voltando à moda dos gritinhos, é claro que a gente também fica encantado. E acaba gritando junto. Outro dia ficamos nós dois gritando daqui, ela gritando dali, numa mistura de bobice e comoção... Até que ela fechou a cara e nos olhou com ar de quem dizia:

- Vem cá, vocês não sabem levar uma conversa de adulto sem levantar a voz, não?

Censurou mesmo. Já era tarde, pegamos nossos chocalhos e fomos ao berço.


Repertório

Fiz uma breve seleção de gritões e gritonas no You Tube. Preparem os algodões auriculares. E, que ironia, o primeiro que encontrei foi esse “Bibi gritando”. Reparem só na objetividade do grito (um só, certeiro).



Já esse outro, engraçadíssimo, age por estímulo (um caso clássico de bobice materna ou paterna, como ocorre com todos nós). Percebe-se que ele está quase mandando a mãe para o berço.



Essa carequinha foi a que mais se pareceu com a modalidade de grito que a minha filha tem praticado.



E, por último, uma linda menina flagrada gritando no berço.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Riso de bebê

Primeira vez

Quando eles começam a sorrir, por volta dos dois meses, a gente tem vontade de não fazer mais nada da vida: só ficar ali, parada, olhando. Lembro quando ela soltou meu seio, depois de uma mamada, e eu o encostei de volta na sua boquinha para estimular a sucção. Em vez de sugar, simplesmente sorriu. Fiz de novo – teria sido só uma coincidência? Sorriu outra vez. E de novo. Abria a boca e me trazia a novidade mais doce do dia: agora nós vamos sorrir uma para a outra. Silenciosamente, sorri um pouco e chorei um bocado.

Há algumas semanas, começou a rir com som. Quando estimulada, solta uma gargalhada gostosa. Mas é só quando ela quer!

**

Faz bem para a saúde

Pois o riso dos bebês ajuda a mantê-los saudáveis. Segundo esta reportagem, está provado que rir fortalece o sistema imunológico (deprimidos adoecem mais), estimula a produção de endorfina (o hormônio do prazer, que tem até efeito analgésico), aumenta a circulação sangüínea e a oxigenação das células, potencializa a capacidade respiratória, e – pasmem! – ainda evita o aparecimento de rugas no futuro (devido à contração dos músculos da face).

O primeiro passo, segundo a pediatra consultada, é manter um ambiente harmonioso em casa. Bebês e crianças pequenas são capazes de absorver a tensão emocional dos pais; portanto, também “puxam” a alegria e o otimismo da família.



Esse vídeo do You Tube ficou famoso,vocês já devem ter visto. O bebê é mesmo bonitinho e as risadas são lindas, mas me dá uma estranha impressão de que ele já está exausto e superestimulado... É implicância minha?

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Bolo de banana integral (sem lactose e meio light)

Zero cozinha

Na cozinha, sou um fiasco. Quando meu marido e eu nos conhecemos ainda não havia essa onda “zero” isso, “zero” aquilo. Mas, se houvesse, com certeza ele teria lido nos meus rótulos: MULHER ZERO COZINHA.

Pensando bem, ele leu. Quando perguntou se eu queria uma caponata e eu respondi que “não, prefiro leite puro”. Se isso não aconteceu, poderia ter acontecido, e ele deve ter pensado: daí não sai um ovo frito. Mas eu – rápida, esperta - soube esconder tão bem minhas gorduras trans e meus colesteróis que ele me quis assim mesmo.

Como eu adoro comer e Deus é generoso, tenho ao meu lado esse homem que cozinha maravilhosamente. Tudo que ele inventa é um sucesso. Tudo! Só o ovo frito é que não presta. (Mentira, ponho um defeitinho para dispersar a concorrência).


Prazer – mesmo com restrições

O fato é que a nossa gula virou um doce e animado hobby. Passamos horas e horas planejando o que vamos inventar de bom para o fim de semana, para o lanche, para incrementar o café da manhã... Sai cada coisa deliciosa!

Como eu sou militante da vida saudável e da boa forma, achei o melhor dos mundos: não preciso abrir mão da saúde para comer com muito prazer. Inventamos mil saladas, adotamos tudo integral, reduzimos o teor de gordura em todos os pratos – sem perder sabor. E, de vez em quando, enfiamos o pé na jaca (que ninguém é de ferro!).


Bolo para gestante e lactante

Pois vou dar uma de metida e publicar aqui uma receita de bolo de banana integral. Quando engravidei, uma das primeiras coisas que decidi foi que aprenderia a fazer um bolo. Ora, mãe que não faz bolo não pode. Me apliquei e aprendi esse – que virou sucesso aqui no café da manhã. Juro.

A receita foi alterada para ficar sem lactose (porque estou amamentando e o pediatra recomenda essa restrição) e também teve as calorias reduzidas (usamos um pouco de adoçante natural stevia, liberado para lactantes e gestantes). Ficou zero lactose e meio light.

Vocês façam aí, e seja o que Deus quiser!







Ingredientes:

4 ovos inteiros
8 bananas cortadas em rodelas
1/2 xícara (chá) de óleo de canola
1/2 xícara de leite desnatado (substitua por leite de soja se quiser sem lactose)
1 xícara de farinha de trigo integral
1 xícara de aveia
1 xícara, não muito cheia, de açúcar mascavo
1 xícara de adoçante stevia culinário
canela para salpicar
1 colher (sopa) de fermento em pó

Modo de preparo

Bata todos os ingredientes no liqüidificador com apenas 1 banana, coloque em forma untada com óleo e farinha. Coloque as rodelas de banana sobre a massa e salpique com canela. Asse em forno médio, pré-aquecido, por aproximadamente 30 minutos.

Observações:

1. Na receita original, constam apenas 6 bananas (uma na massa + 5 picadas por cima dela). Fizemos, mas depois achamos melhor aumentar o número para 8 (uma na massa + 7 picadas por cima). E ficou melhor ainda.

2. Outra alteração nossa foi reduzir as duas xícaras de açúcar mascavo (na original) para uma, e complementar com mais uma xícara de adoçante. Isso reduz o teor calórico.

3. Achamos melhor fazer numa forma tipo tabuleiro (rasa, retangular). Quanto ao tempo de assar, é bom lembrar que cada forno tem suas variações e nunca se pode confiar em tempo fixo.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Enxoval de bebê - dicas (parte II)

Banho

Banheira – fundamental, claro. Mas, a partir do terceiro mês, o bebê já pode até tomar banho no chuveiro com o papai ou a mamãe, sabia? Muito prático.

Rede de proteção para banheira – é um achado! Segura o bebê e impede que ele escorregue pelas suas mãos no banho. Nem pense duas vezes: compre.

Toalhas com capuz – o enxoval pede seis, mas eu ainda nem usei todas. Usa-se todos os dias, mas é para enrolar o bebê ao sair do banho. Para secar mesmo, é indicada a toalha de fralda (mais delicada).

Toalhas de fralda – são ótimas, é bom comprar umas quatro.
* Nós também inventamos um novo uso para elas: enrolar o bebê na hora de dormir. Os cueiros logo ficam pequenos e as mantas costumam ser quentes. Então, as toalhinhas são providenciais!

Pente e escova – só uma escovinha avulsa também serve.

Termômetro para banho – não compramos. Dá para sentir a temperatura da água com a mão.

Kit manicure – compramos, mas eu uso só a tesourinha (ela é levemente curva e tem pontas arredondadas).

Aspirador nasal – não custa quase nada. Compramos. Mas, até hoje, não foi preciso.
**

Roupinhas de bebê

Body sem manga/manga curta – começo por esse item, porque sou militante assumida dos bodys. São peças inteiras com abertura embaixo (geralmente dois botões de pressão no fundilho), superpráticos. Compre mesmo! Para o verão, então, são utilíssimos. Eu compraria dois tamanho RN, dois P e dois M. No mínimo!

Macacão manga curta – a diferença é que eles têm botões ao longo da barriguinha até em cima, abrindo a peça pelo meio, verticalmente. E não são cavadinhos nas pernas como os bodys (enquanto os bodys são tipo collant, estes têm as perninhas tipo short). Ótimos também. Recomendo a mesma quantidade dos bodys.

Macacão manga comprida (sem pé) – macacões são sempre práticos, mas fique de olho na estação. Se ele nascer no verão, você vai usar muito pouco. Compre dois; esses sem pé são bons porque o bebê pode crescer um pouco e você não deixa de usar.

Conjuntos pagão – vêm com uma calça comprida, uma camisetinha sem manga (com um velcro para fechar atrás) e outra de manga comprida (velcro para fechar na frente). No verão a gente acaba usando pouco. São bons para meia-estação. Uns três conjuntos serão suficientes para os primeiros tempos.

Banho de sol – são conjuntos mais bonitinhos de short e camisetinha. Dois bastam. (Você só vai querer usar os bodys, estou dizendo!).

Camisetas – são boas para variar (quando os bodys estiverem todos sujos). Duas.

Short – para fazer conjunto com as camisetas, quando os bodys estiverem... Você já sabe. Dois.

Calças sem pé – são boas para os dias mais fresquinhos. Comprei quatro (tamanho P) e ela usa até hoje.

Cueiros – são práticos. Servem para enrolar o bebê e cobri-lo também. Os enxovais (e a lista da maternidade) pediam seis, mas eu acho um exagero se você tem uma razoável rotina de lavanderia em casa. Recomendo quatro.

Casaquinhos em linha – são bonitos para passear, e não são quentes (ou seja, usa-se mesmo no verão, no ar condicionado). Comprei dois e não sinto falta de mais.

Meias – no verão, quase não se usa. Comprei seis pares e elas logo ficaram pequenas, nem cheguei a usar algumas porque era muito quente. Recomendo comprar uns três pares tamanho RN e outros três P.

Sapatinhos – dois pares (em linha) são suficientes, porque é só para enfeitar mesmo. Claro, se você mora numa cidade fria e é inverno, deve comprar também em lã.

Regurgitadores – também chamados “fraldas de ombro”, são atoalhados e servem para proteger a sua roupa quando o bebê “devolve” um pouco de leite após a mamada, coisa muito comum. Pode vir acompanhado de “fralda de boca”. Sinceramente? Aqui, não nos adaptamos a nada disso. Achamos MUITO mais práticas as velhas fraldas de pano grandotas, multiuso, que você dobra ao meio e põe sobre o ombro, depois puxa um pedaço e limpa a boca do bebê – nessa hora o importante é ser rápido, e ficar com paninho para isso e paninho para aquilo só atrapalha!

Babadores – o bebê começa a babar por volta dos três meses. Antes disso, nunca usamos babador. Mas, após essa idade, é bom ter vários atoalhados.

Fraldas de pano – como já disse, sou fã delas. Compre uma dúzia!

Saída de maternidade – um conjunto bonitinho para chegar em casa nos trinques. Não é obrigatório, mas acho que todo mundo acaba comprando.

Luvinhas – não compramos e ainda não foi necessário.

Toucas – vovó fez uma de tricô e está fazendo outra. São um charme! (Claro, só em caso de muito frio mesmo).


Passeio e acessórios

Carrinho – pesquisamos muito e acabamos comprando um “travel system” da marca Hauck – que vem com bebê conforto (e sua base), uma bolsa e mosqueteiro. Estou satisfeita, apenas detesto o sistema de fechamento (os botões de encaixe são todos muito duros!).

Bebê conforto – acho um item ótimo para usar no carro. Na verdade, praticamente só usamos para isso, ele fica preso no cinto de segurança direto. As outras poltronas de automóvel geralmente só são indicadas para maiores de 6 meses, mas há boas (e caras) exceções, que permitem o uso desde recém-nascido.

Sacola grande – essas baby bags são bonitas e úteis, mas, até agora, uso apenas uma bolsa comum para carregar as coisinhas quando ela fica na casa da vovó. Claro, com o tempo as “tralhas” vão aumentando e, tenho certeza, usaremos as sacolas apropriadas.

Trocador portátil – o nosso veio junto com a bolsa que veio junto com o carrinho. É bom para trocá-la fora de casa (impermeável).

Prendedores de chupetas – são ótimos, compre! Sugiro dois.

Esterilizados para microondas – o resultado é o mesmo que ferver no fogão.

Pinça higiênica – é uma pinça grande para pegar as coisas esterilizadas. Baratinha e vale a pena.

Canguru – serve para pendurar o bebê e sair com ele sem a necessidade do carrinho. Há quem diga que “entorta” as perninhas do bebê, mas é mito: segundo o pediatra, não há problema algum. Nós compramos e usamos quando vamos dar uma voltinha muito perto, ou para um pulo no supermercado.
* Tem também o tal do sling, que é um “saco” de tecido que permite posições variadas. Eu nunca vi um ao vivo, mas dá impressão de ser uma delícia! Veja essas imagens.



segunda-feira, 18 de junho de 2007

Enxoval de bebê – dicas (parte I)

Cueiro, manta, kit berço, aspirador nasal, culote, fraldas de boca... Hein?

Quando (já bem grávida) comecei a pesquisar sobre enxoval de bebê, me vi totalmente perdida. Baixei dezenas de listas pela internet, cada qual cheia de meias dúzias de outras meias dúzias de elementos estranhos à minha compreensão. Ah, o enxoval de bebê. Objetos para os quais não conseguia, por mais que tentasse, adivinhar finalidade. E preços, muitos preços.

Terminava meus dias rolando em pontos de interrogação: o que comprar? O que não comprar? Será que vou usar isso? Vale a pena investir naquilo? Pior: quantas unidades, meu Deus?!

O capítulo “enxoval de bebê” é um divisor de líquidos amnióticos. A pobre da grávida já desconfia seriamente da sua capacidade de cuidar de um pimpolho envolto em fraldas; diante dos termos do enxoval, então, é que ela tem certeza da própria ignorância.

Calma. Passados quatro meses do nascimento da minha filha, é com alegria que aviso às marinheiras de primeira viagem: é tudo muito mais simples do que imaginamos. E não é necessário ir à falência para garantir o enxoval do primeiro rebento.

Se conselho fosse bom...

Bueno, mas vamos às dicas (que, desde já, explico: são baseadas única e exclusivamente na minha experiência. Portanto, sujeitas a equívocos e parcialidades. Aprecie com moderação). Como o conteúdo é muito grande, vou publicando aqui por partes. As duas primeiras, hoje: cama e quarto.
***

Cama

Kit berço – consiste naqueles protetores acolchoados e bonitinhos que você vai amarrar nas grades do berço para proteger o bebê. É um item caro, mas necessário. Só não vá fazer como eu, que fiquei na dúvida entre amarrá-lo para dentro ou para fora do berço. Óbvio que é para dentro! Ora, pois, pois.

Jogos de lençol – o nome já diz. Acho meio exagerado os enxovais que pedem quatro (ou mais) jogos. O bebê não suja tanto assim. Um está em uso, outro está lavando, e mais um extra: nos viramos muito bem com três.

Protetor de colchão de berço – serviria para absorver a transpiração do bebê. Eu não comprei e não sinto a menor falta.

Fronhas – o enxoval pedia quatro. Compramos, ainda, duas a mais. Depois fui descobrir, com o pediatra, que o bebê não usa travesseiro nos primeiros meses! Até hoje ela dorme com o colchão inclinado, e sem travesseiro. Então, fronhas??

Colcha – não compramos, e eu nunca senti falta. Ela dorme coberta com uma mantinha bem macia ou mesmo um cueiro. Nos dias mais frios, a manta de tricô que a vovó fez.

Colchão de berço – item absolutamente necessário, óbvio.

Manta – o enxoval pede duas ou mais. Como ela nasceu em fevereiro, pleno verão carioca, usamos a manta praticamente só no hospital. Para enrolar na hora de dormir (no ar condicionado), cueiros são mais leves e práticos. Mas, se você pretende sair muito com o bebê, as mantas são bem mais bonitas.

Cobertor de berço – no verão, bobagem.

Travesseiro – compramos os dois que o enxoval sugeria, mas usamos apenas para que ela não role no berço (para isso também existem os rolinhos, que são ótimos – mas os dela estão sempre no carrinho).

**

Quarto

Cômoda – é ótimo ter gavetas para guardar as roupinhas. Mas, se você tiver um desses armários normais de adulto (muitos apartamentos são alugados com eles), também serve.

Abajur – ter uma luzinha fraca para olhar o bebê no quarto é fundamental. Mas, se não tiver abajur, a velha e boa luz do corredor faz o serviço numa boa.

Babá eletrônica – dei um azarão, a nossa veio com defeito e ainda não consegui mandar consertar. Por enquanto, dormimos de portas abertas e ouvimos qualquer gemido dela no quarto ao lado.

Poltrona de amamentação – acho muito melhor comprar uma poltrona que vá servir para outra finalidade na casa depois. No meu caso, minha sogra emprestou uma poltrona comum e eu usei para amamentar até o terceiro mês – depois disso, o bebê fica maiorzinho e mais firme, dá para amamentar tranqüilamente em qualquer sofá ou cama. Na verdade dá para fazer isso desde o início, mas os braços da poltrona são bons para apoiar os nossos quando o bebê é pequenininho.

Almofada de amamentação – não é cara, e eu acabei comprando, mas usei muito pouco. Prefiro uma almofada comum.

Móbile – é legal ganhar de presente...

Lixeira – de suma importância! Aliás, aqueles kits de vime que vêm com lixeira, garrafa térmica, potinhos para água e algodão são ótimos. Comprei e não me arrependo.

* Amanhã: banho e roupinhas.

domingo, 17 de junho de 2007

Silêncio (cuidando dela)

Barulho nenhum. Uma luz (pouca) pela janela. Meus passos descalços – o cuidado é de veludo, discreto, mudo. É de manhãzinha.

Agora eu não sei abrir os braços, estalar meus beijos, dizer palavra. Ela dorme no berço inclinando o pescoço para trás, e eu deixo, não mexo em nada. Economizo atitudes, intervenções, pretensas correções. Fisicamente a gente sobra muito, e o silêncio de gesto é para poucos. Privilégio de quem se gosta.

É curioso como observar me faz sentir que estou cuidando mais do que se estivesse matraqueando conselhos, medindo a temperatura ou declarando meu amor rimado em refrões.

Se o silêncio tivesse forma e cheiro, eu a cobriria com esse lençol perfumado - e ela talvez sonhasse azul.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Reclames infantis

Fofos. Irresistíveis. Quem pode esquecer?

Porque somos mamíferos (1996)



Este outro comercial tem 30 anos. Você se lembra?

Cotonetes Johnsons

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Por que eles nascem tão pequenos

A primeiríssima coisa que fiz foi perguntar ao pediatra:

- Vem cá, ela não é muito pequenininha?

Não pensei que eu era mãe, que ela era linda, que era minha filha, que emoção, nada disso. Pensei: meu Deus, é minúscula!!!

Pode soar meio ridículo, mas assim se passou comigo. Ao mesmo tempo em que eu me sentia preocupada por ela ser tão pequena, uma parte de mim ficava estranhamente aliviada. Durante a gravidez a gente fica se perguntando se vai ser capaz de cuidar do filho – uma das inseguranças normais do processo. Pois bem, sei lá que tipo de fantasia eu devia ter, mas o fato é que o bebê que nasceu de mim era muitíssimo menor do que aquele que habitava minha imaginação de grávida afoita. Foi assim que, num súbito farelo de pensamento, no exato momento em que ela veio ao mundo, aliviei minha aflição com o seguinte raciocínio maluco: se é desse tamanhozinho eu dou conta.

O médico me olhou com uma cara tranqüila e respondeu que não. Pesou, e ela não era mesmo menor do que a média. Mas eu segui meio cabreira – por um lado – e secretamente reconfortada. Era como se ela tivesse guardado um pouquinho para crescer do lado de fora, sob a minha aplicada guarda de mãe estreante. Deixou meu útero, meus líquidos e minhas capacidades fisiológicas de preservar sua vida e veio cá confiar em mim. Ou seja, já começávamos bem.

Vieram trazê-la no quarto, eu meio grogue naquela cama, a enfermeira repetindo “mamãe, mamãe, mamãe” dezenas de vezes (eles enchem um pouco o saco com essa história, parece que a gente quer muito ouvir que é mãe, então eles dizem e dizem, mas – que diacho! – as coisas desse tamanho lá têm importância ou significado no ordinário mundo das palavras?).

- Agora ela vai mamar na mamãe! – Ouvi de alguém que não era meu parente.

Como assim, vai mamar? As enfermeiras têm um certo prazer em dar ordens. Puseram minha filhinha em cima de mim; uma moça segurou a cabecinha dela e posicionou para que a boca alcançasse meu seio. Sequer me mexi (não gosto de interferir no trabalho alheio). Para minha absoluta surpresa, ela abocanhou com vigor, e sugava, convicta e inutilmente. Claro que não havia nada. Ficou naquele chup-chup vazio por algum tempo, achei incrível. Não saía uma gota, mas o instinto lhe mandava recados: confia, guria, que um dia sai. Três dias depois, saiu mesmo.

Foi assim, no instinto, que o meu leite aprendeu o caminho da fome dela, e que ela aprendeu a ser filha, e eu aprendi a ser mãe. Muito melhor do que o título “mamãe-mamãe-mamãe” (o mesmo que infesta a publicidade no início de maio) é a sensação de ter alguém confiando plenamente naquilo que eu passei nove meses pondo em dúvida: minha própria capacidade de zelar, suprir, bastar.

Daqui a pouco, quando ela estiver ninando uma boneca-bebê maior que ela, vou poder usar minha refinada experiência de mãe e dizer: fica tranqüila, filha. Quando eles nascem, são bem menores...

E ela vai me olhar, lá do alto de sua experiência de bebê, torcer a boca e desdenhar meu conselho.

- Quem aqui está com dificuldades?

É mesmo, filhota. Dificuldade é coisa de gente grande. Por isso você nasceu tão pequenininha.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Maçã para grávidas

Estudo feito por uma universidade escocesa mostrou que comer muita maçã na gravidez pode prevenir asma na criança. Duas mil grávidas foram entrevistadas sobre seus hábitos alimentares; depois, concluiu-se que aquelas que comiam quatro ou mais maçãs por semana tiveram menos predisposição a ter o filho asmático do que as que comiam menos de uma por semana.

Leia na íntegra – BBCBrasil.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Resultado (e mais pesquisa)

O Leve um Casaquinho!, 10 dias depois, divulga o resultado da pesquisa sobre a prole dos leitores. Aí vai:

Quantos filhos você tem?

1. Um (40,63%)
2. Estou grávida (21,88%)
3. Nenhum (17,19%)
4. Dois (15,63%)
5. Três (3,13%)
6. Uma porção! (1,56%)

**

Tem nova pesquisa aí do lado. E aí, já votou?

Crianças, suas músicas e idéias

De vez em quando tem festa aqui no prédio. No play. Dezenas de pimpolhos se agitam ao som de uma seleção de músicas infantis, que depois evolui para nem tão infantis assim, depois repica em Ivete Sangalo e alguns genéricos - para, finalmente, acabar a tarde afogando os garfinhos de plástico no Oceano do Djavan, e outras canções mais suaves da MPB adulta.

Tudo isso talvez fosse muito gostoso – e não tenho nada contra o repertório - se o volume não fosse absurdamente alto, e se não houvesse dois ou três “animadores de festa” fazendo mais barulho do que a tropa infantil inteirinha.

Enquanto minha filha ainda é muito pequena para soprar língua-de-sogra, fico aqui, protegida da agitação, pensando: por que diabos, de uns tempos para cá, instituiu-se a idéia de que as crianças (e os bebês!) precisam ficar absolutamente ESTIMULADOS - em caixa alta, literalmente?

Somos nós, adultos, que temos um medo danado do tédio! Crianças não têm nada a ver com isso. Tracy Hogg, a enfermeira best-seller que ficou conhecida como A Encantadora de Bebês, afirma em seu livro (“A Encantadora de Bebês resolve todos os seus problemas”) que a maioria dos bebês sofre mais de superestimulação do que de tédio. E aconselha: não devemos assumir o papel de produtores de entretenimento dos nossos filhos. Deixar a criança descobrir seu próprio corpo, por exemplo, é uma excelente brincadeira. Ficar em silêncio olhando para a parede pode ser uma atividade muito produtiva.

Acesse o site dela. Outro dia eu farei um post maior sobre o livro (leia a sinopse), que é bárbaro e tem nos ajudado muito.

Então, nas festinhas infantis, será que precisamos mesmo contratar “agitadores culturais” e colocar a turma toda para quicar ininterruptamente no salão?

Pois inauguro aqui no Leve um Casaquinho! uma série de músicas infantis (ou inspiradas na infância) que não são necessariamente animadas, assobiáveis ou eletrizantes. Para que a gente possa lembrar que poesia, lirismo, contemplação e aprendizado também fazem a felicidade da criançada.

Para terminar, cito o psicanalista inglês D.W.Winnicott (“A criança e seu mundo”) numa das coisas mais lindas que eu já li sobre os pequenos: “os bebês têm idéias”. Bom, idéias precisam de espaço (físico e emocional) para criar seus mundos.

**

Abaixo, Chico Buarque canta João e Maria. A música é do Sivuca e foi composta em 1947; Chico escreveu a letra em 1977, baseado em diálogos infantis. Ele conta a história bonitinha nesse vídeo.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

A manicure acelerada

Peguei a manicure mais lerda do universo. Primeiro olhava bem meu dedo. Um só. Mirava, refletia, ponderava. Fungava e reclamava do clima. Só então posicionava a lixa, mordia o lábio inferior – eu imaginando: agora vai! -, mas aí algum outro pensamento lhe invadia a alma. Ela se distraía.

- Você quer a unha quadradinha, né?

Sim. Quadradinha. Pela décima vez! Eu devo ter uns 30 dedos, porque aquilo se arrastava pela tarde afora. Você sabe há quantas semanas eu planejava ir ao salão, mas me faltava tempo? Não, ela não devia saber – meus preciosos minutos iam sendo carcomidos junto com a cutícula (que ela teimava em roer com aquele alicate sem fio).

A propósito, ainda não entendi como as mães conseguem fazer o dia caber em 24 horas – com direito a comida, bebida, sono, trabalho, diversão e algum esporte. Tenho feito escolhas que me parecem absurdas: engulo uma barra de cereal agora ou ligo para a minha mãe? Rápido, decida-se. Cereal ou mãe? Pegar ou largar!

Geralmente acabo optando pela barrinha, porque essa tal amamentação dá uma fome desmedida (e a minha mãe não tem carboidrato). Mas, voltando à manicure, fui avisando:

- O pé não vou pintar.

- Nem passar uma base??

- Nem.

Devia ter ficado quieta, mas resolvi explicar: “É que estou com um pouquinho de pressa, e...”.

- Ah! Nãosepreocupanão queeuvou acelerar!!!

Não queira saber. A manicure mais lerda do universo, depois de engatar uma quinta com o seu alicate cego, tornou-se rapidamente a açogueira mais tresloucada do mundo.

Se juntar todos os 30 dedos que eu tinha quando cheguei lá, deve ter sobrado dois ou três em razoáveis condições de uso.

terça-feira, 5 de junho de 2007

Amenidades

Já sei. Deveriam inventar calças de bebê descartáveis - para as horas de vazamento das fraldas. E mantas descartáveis, para quando as calças também vazarem. E lençóis de berço descartáveis, para quando até a manta for...

Estou ficando um pouco neurótica, abafa.

**

Agora estamos numa verdadeira guerra para conseguir tirar uma foto dela sorrindo. Já sorri desde os dois meses (eu juro!), mas como vou provar? Hoje em dia, tudo requer prova.

Acontece que a bendita máquina joga uma luz vermelha direto no rostinho dela, e tudo que acabo conseguindo são dois olhos arregalados e um belo susto na hora do flash. Irão dizer: leva a menina para a rua! Sei, já tentei. O problema, então, é que ela se distrai com a própria máquina – aquele quadradinho prateado que a mamãe aponta para mim.

Quis dar uma de esperta e resolvi filmá-la. Assim, teria mais chance de captar um sorrisinho. Pois me apliquei – fiz mil caretas, fiquei vesga, pus a língua para fora, até lamber a câmera eu lambi (no desespero!). Nada. O resultado pífio foi esse videozinho que vocês podem ver aí do lado. O máximo que consegui foi um espirro (ainda vão dizer que deixo a guria passar frio, pensei, mas publiquei mesmo assim em respeito ao meu patético esforço fracassado).

Vejo e revejo o vídeo duzentas vezes por dia. Bah!, é linda de qualquer jeito.

**

Hoje, no Rio, a madrugada foi a mais fria do ano: 10 graus no Alto da Boa Vista.

Minha mãe está no RS e diz que lá tem sido difícil até lavar o rosto. Eu acredito. Para quem não sabe, sou uma gaúcha que mora no Rio há nove anos. Perdi completamente a resistência para aquele frio de rachar, confesso.

É por isso que eu digo: Leve um casaquinho!!!

PS (para quem é do Rio): Você viu que eu colei a previsão do tempo aí do lado?

domingo, 3 de junho de 2007

Saudades de bebê



- Aproveita bastante, porque passa muito rápido!

É a frase que mais ouço depois dos elogios feitos à minha filhinha. Quero contar um segredo: tenho saudades, já!, do tempo em que ela era recém-nascida. Mas ainda nem fez quatro meses! E mais: sinto também uma estranha saudade adiantada – do tempo em que ela será uma meninota linda a dizer gracinhas na fila do banco para me distrair.

Saudade é um bicho torto e sem sentido, assim mesmo. Ele ataca, quando a gente menos espera, espetando os bigodes numa bochecha desavisada que recém sorriu de alguma lembrança boa ou tola. E a saudade também é boa ou tola (ou ambas).

Não dá para evitar. Mesmo que a gente aproveite 100% do tempo presente – como se isso fosse possível! -, o fato de haver futuro e memória implica em saudade. Que remédio?

Para saudade não há remédio. Vejo mães se derretendo de saudades de seus filhos quando eram bebês; elas topariam engravidar agora? Nem pensar! Ao mesmo tempo, adoram ter os filhos já criados. Vão esperar pelos netos – e mimar muito, apertar, morder, fazer gorrinho de tricô e... morrer de saudade outra vez.

Ter um bebê em casa é um luxo. Você acorda e tem aquela coisinha cor-de-rosa descobrindo o mundo; como não descobrir junto? É o luxo da renovação, do reinício, dia após dia uma novidade diferente. Vai deixar muita saudade, sim, do cheirinho, dos barulhinhos, das mãozinhas, dos pezinhos...

A vida vai para o diminutivo e aumenta a gente.

PS: Na foto é ela - minha filha, com 11 dias. Passa voando.

Música, maestro! – Brilho e bom gosto na web

Um lugar onde a gente pode ouvir as melhores músicas, trocar idéias com pessoas interessantes, receber informações preciosas do mundo das artes (e absorvê-las com prazer e naturalidade), saber de curiosidades sobre a origem das palavras, participar de enquetes, assistir a vídeos comentados por quem entende do riscado... E tem até link para receita de ambrosia!

Isso existe?

Existe, e a minha filhota já é sócia do papai. Passe você também pelo Clube do Maestro.

sábado, 2 de junho de 2007

Estética pós-parto

Pele

Acabo de chegar do supermercado com um sabonete “fórmula firmadora” (um quarto de creme blá blá blá colágeno blá blá elasticidade blá blá). Não acredito em nada disso, mas – diacho! – comprei assim mesmo.

Ora, uma mãe tem que ser firme. Acho eu. Blá.

Cabelos

Ontem, durante o banho, retirei uma peruca (!!) da minha cabeça. Quando olhei minhas mãos, foi difícil acreditar. Fala-se muito sobre a queda de cabelo pós-parto, mas eu achei que pudesse escapar com vida... Que nada.

Se é verdade que os filhos nos fazem perder os cabelos, a minha começou cedo.

Corpo

Mentira que ter filho deixa a mulher baranga. Careca, sim – baranga, NÃO! Voltar ao peso anterior é rápido e você nem sente, sobretudo se estiver amamentando (amamentar emagrece realmente!). Fora o trabalhão que dá...

Claro, exercício físico – assim que o médico liberar - ajuda muito.

Barriga

Eu achava, por pura ignorância, que a minha barriga iria ficar molenga depois do parto. Não ficou. Sim, perde o tônus, mas fica uma barriga normal (de alguém que não malha), e não aquela coisa pelancuda e flácida que eu imaginava. É verdade que me cuidei muito durante toda a gravidez, engordei só o mínimo (8,7kg) – o que, além de ser aconselhável para fins estéticos, também é hoje recomendado pelos médicos para a saúde do bebê, da mãe e para um parto sem riscos.

Pois a disciplina valeu a pena. Quando eu estava grávida, ninguém dizia que eu estava grávida. Quando fui ter bebê, ninguém dizia que eu ia ter bebê. E, quando saí da maternidade, ninguém dizia que eu tinha tido um bebê.

Eu acho ótimo assim – ninguém dizia – porque, quando as pessoas podem dizer, elas DIZEM. Hoho.