Simplesmente não entendo que o canal Discovery Kids exiba regularmente, às 8:30 da noite, o programa “As Aventuras de Bindi”. A apresentadora mirim interage com animais selvagens e, segundo a sinopse, essa série “tem a missão de informar as crianças e os jovens sobre as maravilhas do mundo natural, estimulando-os a praticar exercícios, manter uma vida saudável e adotar práticas para a conservação da vida selvagem.”.
Está bem. Bindi é filha de Stephen Irwin, um apresentador de TV australiano que era conhecido como “O Caçador de Crocodilos”. E digo “era conhecido” porque morreu em 2006, em uma de duas aventuras televisivas, vítima de uma arraia que, literalmente, perfurou seu coração. Cabe lembrar que esse homem causou polêmica, em 2004, ao alimentar um enorme crocodilo enquanto segurava seu filho - ainda um bebê de poucos meses! - no colo. Veja você.
Respeito o interesse do Discovery Kids por tentar incentivar a conservação da vida selvagem, mas as aventuras de Bindi passam longe do objetivo divulgado e me fazem zapear para o canal concorrente antes dos primeiros 10 segundos da “atração”. Numa das raras vezes que assisti, Bindi narrava a história dramática de uma coruja que estava muito, muito doente, enquanto o veterinário abria o peito do bicho em uma cirurgia que, segundo informavam, “era o único modo de salvá-la”. Minha filha viu as tripas da coruja e ouviu a voz fúnebre da narradora. Perguntinha: será que ela se sentiu estimulada a praticar exercícios físicos e cuidar da natureza? Não creio.
Para completar, vejam só que doçura a descrição do programa desta noite:
Título: Ilha do Diabo
“Espécies únicas de animais que habitam ilhas correm grande risco quando uma doença contagiosa atinge seu hábitat isolado. Bindi mostra os diabos-da-Tasmânia lutando contra uma epidemia que poderia aniquilar uma população inteira desses animais.”
Às oito e meia da noite. Para dormir com os anjos, não?