Domingo ela chegou em casa enjoadinha e reclamando de dor de garganta. Meu sinal amarelo acendeu: vem resfriado, gripe, “virose” ou coisa do tipo. E não deu outra.
Na terça, a tosse apareceu. As três noites que se seguiram foram um tal de cochila, chora, tosse e tosse, não quer mais dormir - tem medo de não conseguir -, engasga, cospe, é catarro, mais tosse, xarope, supositório de Transpulmin... Quer ir para a sala e virar a madrugada vendo desenhos na TV, e nada alivia, nada! Imagina se o Bob Esponja o fará.
Meu carinho, então, vira um consolo bobo e inútil. E assim passamos a semana inteira – grudadas, exaustas, frustradas, enjoadas e espinhentas.
Como ela não chegou a ter febre, o diagnóstico não preocupa o pediatra. Deve ser uma virose boba. Acontece que me sinto absolutamente despreparada - como mãe, pessoa e ajuntamento de neurônios improdutivos – para lidar com a “bobice” de uma semana virando noites e rezando para a minha filha parar de tossir um minuto que seja.
Dizem que as mães são irracionais, desmedidas, sem noção. Pois fiquem tranquilas, eu sou tudo isso e muito mais: dramática, paranoica, irritadiça, frágil, vulnerável, idiota, tosca, mau humorada e imatura. Tenho ímpetos de pular pela janela, me escabelo por dentro, quero engolir minha filha e acomodar outra vez dentro da minha barriga para, quem sabe, outra vez grávida e ingênua, eu me esqueça de como é vê-la sofrer do lado de fora de mim.
É simples e impossível assim.