Desmame
“... a experiência da amamentação ao peito levada a cabo com êxito constitui uma boa base para a vida. Fornece sonhos mais férteis e habilita as pessoas a aceitarem riscos.
Mas tudo que é bom deve chegar ao fim, como é costume dizer. Faz parte da coisa boa que ela acabe.”
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“No desmame, a finalidade é realmente usar a crescente capacidade da criança para livrar-se das coisas e fazer com que a perda do seio materno não seja apenas uma questão de acaso.”
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(O desmame) “Inclui o processo gradual de demolição de ilusões, que é uma parte da tarefa dos pais.”
A Criança e Seu Mundo - D. W. Winnicott
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Deixo um pouco de lado minhas gaiatices literárias para falar de um assunto “técnico” da maternidade. Lara está com 11 meses e meio, e estamos começando agora o processo de desmame.
Sei que tem muita mulher grávida que vem ao Casaquinho e não tem a menor noção de como será a sua vida nos próximos meses (como eu também não tinha, e ainda não tenho, porque um bebê muda no exato momento em que a gente pensa que está aprendendo a lidar com ele).
Então, o que dizer da experiência da amamentação?
Cada mulher tem a sua, óbvio, e vou falar da minha – com intimidade e sem rodeios, como penso que devem ser tratados esses assuntos. Não acho, contudo, que “sem rodeios” dispense delicadeza. Ao contrário; tudo em maternidade é experiência direta e, por isso mesmo, extremamente delicada.
O início foi doloroso. Tive ótima assistência de uma enfermeira simpática na maternidade, que me ensinou (e desconfio que também à Lara) os primeiros passos do contato do bebê com o seio. Na verdade eu senti que esse contato é mão dupla: parece que o seio, de uma hora para outra, ganha ares de indivíduo.
E como doíam os meus pobres indivíduos no começo. A Lara pegava o bico do seio de modo certinho, mas, às vezes, não abocanhava toda a auréola (como deve ser), e aí a dor era inevitável. Mas não insuportável. O que me salvou foi a pomada Lancinoh, recomendada pelo obstetra, da qual já falei aqui algumas vezes. Mágica.
Cerca de oito semanas depois, tudo passou e a amamentação virou apenas uma mistura de “aluguel” (você fica presa de três em três horas) e prazer do contato íntimo com o bebê. Quando a Lara fez 4 meses, passou para intervalos de 4 horas. E assim foi por um bom tempo.
Cada mulher decide quando e como vai desmamar – naturalmente, se tudo estiver correndo bem. No meu caso, o pediatra da Lara sugeriu que fizéssemos perto do primeiro aniversário dela e eu concordei. Estamos iniciando o processo de forma gradativa e ela não tem apresentado dificuldade alguma.
Vou explicar mais ou menos como foi/está sendo.
- Aos 10 meses de idade, ela já estava mamando só três vezes ao dia. (Às 7h da manhã, às 2h da tarde e às 8h da noite).
- Quando fez 11 meses, decidimos tirar a mamada das 2h da tarde e, em vez disso, iniciar uma vitamina de leite Ninho 1+ batido com fruta no meio da tarde. Foi a primeira vez que ela bebeu leite sem ser o meu. Adorou e não teve nenhum problema com a mamadeira.
- Agora, com 11 meses e meio, vamos também tirar a mamada da noite, introduzindo no lugar dela o Nestogeno ou Nan2 (leite em pó).
- Por enquanto, vai ficar só com a mamada da manhã, assim que acorda. Essa eu ainda não sei quando vou tirar, mas certamente será nos próximos meses.
A seguir, cenas dos próximos capítulos. Se alguém tiver alguma dúvida levante o mouse!