segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Aos 30

Vou fazer 30 anos, então decidi entrar para uma academia dessas com catraca eletrônica e tudo, como manda o figurino. Meu ritual de correr no Aterro do Flamengo é muito bonito, a vista é linda e blá blá blá, acontece que o calor do Rio de Janeiro é simplesmente impraticável a partir de novembro. Correr na rua após as 7h da manhã torna-se um hábito insuportável. E quem dera tivéssemos segurança na cidade para sair à noite.

Assim, me rendi à catraca e ao ar condicionado. Seja o que Deus quiser.

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Exame médico

Na fichinha estava escrito: “tolerância de atraso - 10 minutos”. Pois a médica atrasou meia hora e me atendeu com cara de besouro e poucas palavras. Mandou bufar três vezes (nisso sou boa!), mediu pressão, perguntou sobre as desgraças da família e anunciou, com jeito de quartel:

- Vou te liberar.

Paf! Deu uma carimbada na ficha e esticou a folha na minha barriga. Fui saindo de ré para não tomar mais o tempo dela (que, aliás, foi ela quem tomou de mim).

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Avaliação funcional

Essa avaliação funcional é uma coisa que não recomendo nem ao pior inimigo. O sujeito – com o qual não se tem nenhuma intimidade – fica beliscando os pneus da gente com aquele aparelho ordinário que mede o quanto extrapolamos nos bolos de laranja. Não diz palavra, apenas anota no computador. Tec, tec, tec. Parece que está fazendo orçamento de carpete: medida para cá, medida para lá, tudo muito abstrato e ininteligível... Ora, no final é assoalho!

E eu me sinto meio presunto nessas horas.

- Me vê 200gr daquele sem capa de gordura, por favor. Como assim tá em falta?

Depois, começa a registrar os problemas posturais da pessoa. Ombro esquerdo mais alto que o direito, quadris desalinhados, escoliose, lordose, é dose.

Por último, subo numa bicicleta ergométrica e fico lá aumentando os batimentos cardíacos à medida que ele aumenta a bendita carga. Quando estou francamente ofegante, e já de saco cheio, ele vem com a novidade:

- Tá vendo? Assim vai ser o seu treino. Para começar.

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Mas eu vou fazer 30 anos, de modo que decidi entrar para uma academia dessas com catraca eletrônica e tudo, como manda o figurino.

Vou confessar que, até agora, eu simpatizei mesmo foi com a catraca. Mas a esperança é a última que morre.

5 comentários:

Tácio Oliveira disse...

Engraçado que só em ônibus e metrô catraca não parece coisa de primeiro mundo. Vai na padaria, mas qual? Aquela com catraca e fichinha eletrônica (e o seu Manuel, concorrente, fica às moscas, graças à catraca). Academia que é academia, tem que ter também. Esses dias, embasbacado, deparei-me com uma loja de artesanato na Vila Madalena - bairro paulistano que segundo uma amiga minha equivale a um outro bairro carioca que tem muitos barezinhos e tem um evento em que os moradores da região abrem suas portas para abrigar saraus, exposições e amantes de saraus e exposições, mas agora o nome me foge - (com coisas muito criativas por sinal) que tinha logo de cara, passando o portão uma catraca de madeira, toda talhada e me vem a mente o que? Nossa, tem catraca, voltarei mais vezes! Estamos montando um jardim aqui em casa, para dar mais vida à residência e acalmar os desejos floridos de minha mãe e também, quem sabe, passar uma imagem mais bonita da casa aos amigos, que por ventura talvez queiram voltar mais vezes para ver como andam as begônias, ou as betúnias, ou quem sabe reparar como anda forida a quaresmeira... Mas pensando bem, se a idéia é recepcionar melhor, catraca neles...

Beijos,
Tácio

Anônimo disse...

Ha ha ha! Boa, Tácio!
Catraca neles!

Seja bem-vindo de volta aqui. Beijos.

Anônimo disse...

Aêêê!
Teremos festona em pouco tempo então, né?!
:o)
O melhor de tudo é fazer 30 com corpinho (e mente) melhor(es) do que quando tinha 25!!!!
:o)
E vamos que vamos!
Muitos beijusss e saudades!
:o*
:o)
PS: A-M-E-I a nossa princesinha neste novo vídeo! :oD

Unknown disse...

Adorei o relato da experiência na academia!!!!
Beijos

Anônimo disse...

vcs gostam de me ver sofrendo,né?
hoho
beijos!