Mamãe puxando ferro
- Há quanto tempo você não freqüenta academia?
- Com regularidade eu nunca freqüentei.
Parecia que eu tinha dito:
- Por baixo dessa pele branquela eu sou verde. À noite, pisco-pisco com motivos natalinos. Vai encarar, fortão?
O professor foi me ajudar na primeira série de musculação. Tudo que ele falava, emendava: “tendeu, amiga?”.
Tendeu, amiga? Aqui são 15kg, pino 7, botão 13 do encosto, regulagem M. Tendeu, miga? Tendeu? Duas repetições de 15. Tendeu, miga?
Tendi foi nada!
Fiquei tonta e saí de lá azul.
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A orelha do amigo fortão é um capítulo à parte. Fiquei procurando o buraquinho por onde deveria passar o som, e olha, foi difícil achar. Nunca tinha visto orelha de lutador tão de perto. Quando dizem couve-flor não é exagero.
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Na esteira, uma senhora de uns 60 anos ajudava a mãe.
- Aqui, mãe. Pode deixar que eu ligo para a senhora. Aperta em “manual”, mãe. Isso. Agora digita o seu peso e dá enter. Aliás, pode deixar que eu digito para a senhora.
Caramba! A velhinha tinha uns 80 anos ou mais. Subiu na esteira equilibrando as perninhas fracas, tinha que ver. Todo mundo olhando, mas disfarçando. Bacanérrimo.
Quando saí da sala, vi a bengala encostada num banco. (!!)
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Quando eu tiver 80 anos, a Lara terá 51.
- Por aqui, mãe. Aperta em “manual”.
- Você viu a orelha daquele professor?
- Fala baixo. Tem que reparar em tudo?
- MAS PARECE UMA COUVE-FLOR!
-Psssst! Menos, mãe. Desculpe, gente. Ela está um pouco impressionada e...
- Falar em couve-flor, minha filha, hoje é dia de feira?
- Mamãe!
- Esse menino ia ganhar um bom dinheiro na feira. Rá rá rá! Filha! Não vai embora, não! Devolve a minha bengala! Como é que eu paro essa geringonça?
Nisso ela já estará pulando a catraca e jurando que nunca mais me leva à academia. (Enfim, livre!)