domingo, 15 de junho de 2008

Não contrariar os filhos (e estranhas desocupadas)

Fui ao supermercado com ela no carrinho. Peguei um pão e ela disse: “pão”. Eu concordei, é isso mesmo, o pão, e guardei embaixo do carrinho dela. Tratou de fazer um resmungo, queria o pão.

- Mamãe te dá o pão depois, tá? Agora vamos fazer compras.

Ela nem ligou, mas uma senhora que estava sentada tomando um café veio – acredite – me chamar atenção.

- Por que é que ela estava chorando?

- Ela não estava chor...

- Meu Deus, mas é uma boneca! Coisa mais linda!

- Diz “obrigada”, filha.

- Mas por que é que uma bonequinha tão linda estava chorando?

- Ela só deu uma resmungada básica porque queria o pão.

- E por que você não deu o pão a ela?

Respiro fundo.

- A senhora não se preocupe, eu vou dar depois.

Aí ela disse uma frase ótima que eu juro reproduzir fielmente:

- VOCÊ FAÇA TUDO QUE ELA QUISER, VIU?

Minha sobrancelha deve ter se pendurado na lâmpada – aliás, tenho que voltar lá para buscá-la uma hora dessas. Que mulher mais metida, petulante, inconveniente, sem noção e (preencha a lacuna)!

Mas o único esporte que pratico nessas ocasiões é mesmo o arremesso de sobrancelha ao teto. Não discuto com gente desconhecida. Adoraria distribuir meia dúzia de pílulas ácidas, minha ironia é um laboratório divertido, desaforado, sei que feio não faço. Acontece que sou aquele tipo de tímida que tem vergonha pelos outros e por mim mesma, então guardo tudo no bolso e venho comentar no blog.

Mas não pense você que, de vez em quando, eu não rodo a baiana. Aliás, a gaúcha.

4 comentários:

Elaine disse...

esse tipo de coisa realmente estressa...

tem que rir para não chorar!

Daniele disse...

Como tem gente que se mete onde não é chamada, né? Que saco!!!
Bjs

Anônimo disse...

Você está de parabéns. Pelo blog e pela maneira como educa sua filha. Você sabe que a gente não pode dizer só sim... como seria tão mais fácil. Mas os limites começam a ser impostos nesta idade.
A proposito da enxerida senhora, tive uma experiencia mais ou menos parecido quando minha filha era pequena e lá se vão trinta anos. eu havia comprado uma peiteira com uma alca, prá que ela pudesse ter liberdade no chao, mas sem sair de perto. E muito util.. Fui a grandes eventos aonde a possibilidade de perder uma crianca e muito grande. Pois bem, um metido me abordou na rua e me disse horrores: que eu tratava minha filha como cachorro colocando-lhe uma coleira.
Será que posso ser julgada pelo olho preconceituoso e provinciano de um sujeito deste?
Hoje minha filha é uma moça muito bem educada e tenho certeza, sem trauma nenhum.. pelo menos da coleira.

Thalita Dol disse...

To me divertindo com seu blog desde ontem! Vim desde os mais recentes posts e agora estou aqui, pensei q seria de bom tom finalmente comentar algo já que em algumas horas dessa madrugada insone de grávida-com-quase-40-semanas 'participei' de meses da sua vida... hehehe!
Que jeito de escrever gostoso que vc tem! ^^
E que delícia de filhota!

Eu sou menos modernosa (pelo menos no sentido mulher-multi-tarefas-do-séc-XXI) e tenho meu lado mulherzinha-esposa-do-séc-passado mto mais aflorado do que a maioria das multi atarefadas modernosas possa compreender... Mas compartilho com vc essa diversão de as vezes palavrear demais e matutar sobre tudo e analisar um pouco demais (ou talvez nada demais, né) tudo o que acontece.

Quanto a este post em particular.. Uia! Ainda não entendi pq patavinas tem gente q acha q pode ficar dando pitaco na vida alheia.
Paciêcia zero.
E eu tb sinto vergonha por mim e pelos outros.

Bjs mil pra vc e pra Lara de mim e da Lilla.