Cisma de bebê
É tão engraçadinho: eles aprendem por repetição e vivem sendo inéditos. Nunca vi coisa mais repetitiva – e menos repetitiva - que um bebê de um ano. Parece que o mundo é uma grande cisma. Palavras. Sílabas. Pessoas. Tudo é cisma. E, de tanto cismar com o velho, aparecem com uma novidade a cada momento.
- Filha, esse é o hipopótamo.
Eu adoro dizer palavras complicadas só para ouvir o jeito simplificado e fofo que ela inventa para pronunciá-las.
- Popó. Popó. Popó.
Pronto, cismou com o hipopótamo.
- Isso mesmo, querida. Hipopótamo.
- Popó. Popó. Popó.
Ela está com o dedinho indicador sobre a figura redonda do hipopótamo, como se quisesse me mostrar. Acho que já não lembra que fui eu quem mostrou primeiro, ou não se importa com isso. Para incentivar, demonstro surpresa.
- Ah, é? Esse é o hipopótamo? Mesmo?
- Popó! Popó! Popó!
Repete, animadíssima. Dedinho na figura, olhos arregalados.
- Você achou o hipopótamo aí, foi? Mas que menina esperta!
- Popó! Popó! Popó!
Acabo me animando com a alegria dela e tenho vontade de mostrar hipopótamos nas enciclopédias, dizer o que comem, procurar quanto pesam, achar vídeo no You Tube, hipopótamos que cantam, cozinham, como dormem, hipopótamos de todas as cores, comprar hipopótamos de pelúcia, chocolate, marzipan...
O melhor da cisma dos bebês é ser adoravelmente contagiosa.
2 comentários:
Concordo com você! A gente fica toda boba, e dá vontade de ficar mostrando tudo só pra ver a reação.
Beijos pra vocês!
Exatamente: "só para ver a reação". É isso mesmo! Uma coisa tão boba, mas que nos preenche completamente.
Beijos!
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