terça-feira, 16 de setembro de 2008

Preenchendo as lacunas

De uns tempos para cá, deu de preencher lacunas.
Bico... da mamadeira.
Roupinha... do neném.
Colo... do papai. (É sempre o do papai!).

Essas lacunas mostram que ela adquiriu – ou está assimilando – o sentido de posse. Também preenche com o próprio nome (biscoito... da Lara), mas ainda não começou aquele processo tão característico de brigar pelas coisas dizendo “é meu”; isso eu acho que vem daqui a uns meses, segundo a literatura.

(Desde que engravidei, vivo grudada na literatura especializada. Como sou muito organizada emocionalmente e evito surpresas a todo custo, pensei que saber tudo sobre a evolução do feto, do bebê e da criança fosse me poupar dos sobressaltos. Hoho. Quando já estava estudando a pré-adolescência foi que me dei conta: a única diferença é que, agora, me assusto com um livro na mão. Ufa. Seria péssimo me assustar de mãos vazias.)

Filha, você está formando frases. Notou que as palavras têm uma função para além de produzir sons engraçados e fazer a música do sapo que não lava o pé. E não pára por aí. Depois de formar frases inteiras, você vai inventar parágrafos e enveredar por outros capítulos. Vai argumentar, ponderar, classificar, desqualificar, questionar, filosofar, etc.

Mas não se preocupe, porque a mamãe vai fazer tudo isso com você. Principalmente o “etc”.

- Filhota, você tem certeza? Essa meia-calça não parece um cone de trânsito? Aliás, dois? Como assim é para combinar com os brincos de triângulo de segurança? Ai, desde que você aprendeu a preencher lacunas tem sido assim...

PS: Pelo amor de Deus, só não vá esquecer que as palavras também servem para produzir sons engraçados e fazer a música do sapo que não lava o pé!

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