sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Frido, o palhaço colorido



Não resisto. Numa loja de bairro, vi um palhaço de plástico pendurado num saco e quis trazer embora. Cheguei em casa e “ajudei” a Lara a abrir o embrulho, mais ansiosa eu do que ela.

Muito bem, o Frido (que nem nome ainda tinha) mal se viu livre do saco plástico e a mamãe aqui já foi dizendo “ele é todo desmontável!” –, repetindo a frase que a vendedora esperta lascou lá detrás do balcão quando percebeu que eu tinha dado um olhar interessado ao boneco. Mordi a isca: Frido era nosso.

De noite, ficamos as duas a olhar o palhaço. Batizei com esta rima – Frido, o palhaço colorido -, no afã de tornar o presente mais interessante. A bem da verdade, o nariz custa a sair, as peças não encaixam direito e o chapéu fica caindo toda hora. Graça nenhuma. Mesmo assim, quis que ela pegasse amizade e estimulei o contato.

- Você gosta do Frido, filha?
- A Lara gosta.

Meio caminho andado.





- Ele canta, mamãe?

Ops!, um passinho atrás. Em tempo de You Tube, quem não canta perde pontos. Expliquei que ele só canta se a gente cantar junto, vamos cantar? E cantamos mesmo, mas não se ouviu a voz do palhaço e ele nem mexeu a boca, de modo que a emenda não convenceu.

Achei melhor tentar outra atividade, e inventei de “fazer” o Frido andar no chão. Arrastava o palhaço e ia sacudindo os pés dele, toc-toc no chão, e ela achou a maior graça.

- O Frido tá andando, mamãe! Mais, mais!

“Andei” com o Frido um bocado, e depois disse que ele queria também andar com a Lara. A Lara quer andar com o Frido? Ela ficou animadíssima, e eu pensando, meu Deus, agora ela não vai saber fazer o palhaço andar e vai ficar frustrada – afinal, de fato ele é só um amontoado de plástico e não faz nada!

Ela pegou no chapéu dele e saiu arrastando, com cuidado para que ele não caísse. Com dificuldade, arrastou um bocado. Vi os dois lá adiante, lado a lado. De repente, parou e olhou bem para a cara dele (foi quando pensei: acabou-se, descobriu que o palhaço não anda e vai xingá-lo). E xingou mesmo, mas era outra a reivindicação:

- Devagar, Frido!!!

Frido, o palhaço que corre e, se bobear, pula amarelinha.

4 comentários:

Anônimo disse...

Fantástico!

Anônimo disse...

Prova de que não há You Tube que suplante a imaginação da criança - desde que estimulada. Delícia de texto. Parabéns!

Anônimo disse...

Adorei! Dei um desses pro meu afilhado a uns anos atrás.
E vi que ainda continua tendo sua graça (com a participação de uma mãe super criativa, claro).
Beijinhos.

bibi disse...

Angélica, fiquei realmente surpresa por saber que o palhaço já dura "uns anos" e continua tendo graça! Essas crianças são mesmo incríveis.

Meninas, obrigada pelas visitas e elogios! Beijocas.