Maternidade insubstituível
Ontem eu ouvia no rádio uma conversa sobre câncer de próstata, quando alguém perguntou ao especialista o motivo de existirem tão poucas mulheres urologistas no Brasil. O médico respondeu que certamente há resistência por parte dos pacientes em serem examinados por mulheres – embora ele afirme que, ao contrário do que se poderia imaginar, as médicas não têm nenhum constrangimento, e mesmo as jovens residentes examinam homens com a maior naturalidade.
Continuando a mesma resposta, ele observa ainda que as médicas geralmente optam por especialidades como a dermatologia ou a radiologia (que não envolvem cirurgia), por considerarem que essas atividades lhes darão tempo suficiente para, além de cumprir a carga de trabalho, também cuidar dos filhos. E concluiu dizendo algo como: “assim, elas podem trabalhar fora e também exercer a insubstituível função da maternidade”.
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Deméter - deusa grega da fertilidade
É verdade que a maternidade é insubstituível, e nenhum homem poderá ser mãe, pelo menos não tão cedo. Mas será mesmo uma função? E será que isso que se chama de “função” da maternidade é, de fato, algo que só pode ser exercido pela mãe?
Teria mil perguntas para emendar aqui. A questão é realmente complexa, e viver esse “exercício” materno, dia após dia, nos faz transitar pelas supostas convicções, deslizando entre argumentos racionais e picos emocionais que não estão sujeitos a classificações hierárquicas: “você fica aqui, querida tristeza etérea, que eu vou ali me dedicar ao aprimoramento intelectual das minhas verdades rochosas. E não me espere para jantar... Conversamos amanhã, isso se me sobrar um tempinho.”.
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