segunda-feira, 18 de junho de 2007

Enxoval de bebê – dicas (parte I)

Cueiro, manta, kit berço, aspirador nasal, culote, fraldas de boca... Hein?

Quando (já bem grávida) comecei a pesquisar sobre enxoval de bebê, me vi totalmente perdida. Baixei dezenas de listas pela internet, cada qual cheia de meias dúzias de outras meias dúzias de elementos estranhos à minha compreensão. Ah, o enxoval de bebê. Objetos para os quais não conseguia, por mais que tentasse, adivinhar finalidade. E preços, muitos preços.

Terminava meus dias rolando em pontos de interrogação: o que comprar? O que não comprar? Será que vou usar isso? Vale a pena investir naquilo? Pior: quantas unidades, meu Deus?!

O capítulo “enxoval de bebê” é um divisor de líquidos amnióticos. A pobre da grávida já desconfia seriamente da sua capacidade de cuidar de um pimpolho envolto em fraldas; diante dos termos do enxoval, então, é que ela tem certeza da própria ignorância.

Calma. Passados quatro meses do nascimento da minha filha, é com alegria que aviso às marinheiras de primeira viagem: é tudo muito mais simples do que imaginamos. E não é necessário ir à falência para garantir o enxoval do primeiro rebento.

Se conselho fosse bom...

Bueno, mas vamos às dicas (que, desde já, explico: são baseadas única e exclusivamente na minha experiência. Portanto, sujeitas a equívocos e parcialidades. Aprecie com moderação). Como o conteúdo é muito grande, vou publicando aqui por partes. As duas primeiras, hoje: cama e quarto.
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Cama

Kit berço – consiste naqueles protetores acolchoados e bonitinhos que você vai amarrar nas grades do berço para proteger o bebê. É um item caro, mas necessário. Só não vá fazer como eu, que fiquei na dúvida entre amarrá-lo para dentro ou para fora do berço. Óbvio que é para dentro! Ora, pois, pois.

Jogos de lençol – o nome já diz. Acho meio exagerado os enxovais que pedem quatro (ou mais) jogos. O bebê não suja tanto assim. Um está em uso, outro está lavando, e mais um extra: nos viramos muito bem com três.

Protetor de colchão de berço – serviria para absorver a transpiração do bebê. Eu não comprei e não sinto a menor falta.

Fronhas – o enxoval pedia quatro. Compramos, ainda, duas a mais. Depois fui descobrir, com o pediatra, que o bebê não usa travesseiro nos primeiros meses! Até hoje ela dorme com o colchão inclinado, e sem travesseiro. Então, fronhas??

Colcha – não compramos, e eu nunca senti falta. Ela dorme coberta com uma mantinha bem macia ou mesmo um cueiro. Nos dias mais frios, a manta de tricô que a vovó fez.

Colchão de berço – item absolutamente necessário, óbvio.

Manta – o enxoval pede duas ou mais. Como ela nasceu em fevereiro, pleno verão carioca, usamos a manta praticamente só no hospital. Para enrolar na hora de dormir (no ar condicionado), cueiros são mais leves e práticos. Mas, se você pretende sair muito com o bebê, as mantas são bem mais bonitas.

Cobertor de berço – no verão, bobagem.

Travesseiro – compramos os dois que o enxoval sugeria, mas usamos apenas para que ela não role no berço (para isso também existem os rolinhos, que são ótimos – mas os dela estão sempre no carrinho).

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Quarto

Cômoda – é ótimo ter gavetas para guardar as roupinhas. Mas, se você tiver um desses armários normais de adulto (muitos apartamentos são alugados com eles), também serve.

Abajur – ter uma luzinha fraca para olhar o bebê no quarto é fundamental. Mas, se não tiver abajur, a velha e boa luz do corredor faz o serviço numa boa.

Babá eletrônica – dei um azarão, a nossa veio com defeito e ainda não consegui mandar consertar. Por enquanto, dormimos de portas abertas e ouvimos qualquer gemido dela no quarto ao lado.

Poltrona de amamentação – acho muito melhor comprar uma poltrona que vá servir para outra finalidade na casa depois. No meu caso, minha sogra emprestou uma poltrona comum e eu usei para amamentar até o terceiro mês – depois disso, o bebê fica maiorzinho e mais firme, dá para amamentar tranqüilamente em qualquer sofá ou cama. Na verdade dá para fazer isso desde o início, mas os braços da poltrona são bons para apoiar os nossos quando o bebê é pequenininho.

Almofada de amamentação – não é cara, e eu acabei comprando, mas usei muito pouco. Prefiro uma almofada comum.

Móbile – é legal ganhar de presente...

Lixeira – de suma importância! Aliás, aqueles kits de vime que vêm com lixeira, garrafa térmica, potinhos para água e algodão são ótimos. Comprei e não me arrependo.

* Amanhã: banho e roupinhas.

domingo, 17 de junho de 2007

Silêncio (cuidando dela)

Barulho nenhum. Uma luz (pouca) pela janela. Meus passos descalços – o cuidado é de veludo, discreto, mudo. É de manhãzinha.

Agora eu não sei abrir os braços, estalar meus beijos, dizer palavra. Ela dorme no berço inclinando o pescoço para trás, e eu deixo, não mexo em nada. Economizo atitudes, intervenções, pretensas correções. Fisicamente a gente sobra muito, e o silêncio de gesto é para poucos. Privilégio de quem se gosta.

É curioso como observar me faz sentir que estou cuidando mais do que se estivesse matraqueando conselhos, medindo a temperatura ou declarando meu amor rimado em refrões.

Se o silêncio tivesse forma e cheiro, eu a cobriria com esse lençol perfumado - e ela talvez sonhasse azul.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Reclames infantis

Fofos. Irresistíveis. Quem pode esquecer?

Porque somos mamíferos (1996)



Este outro comercial tem 30 anos. Você se lembra?

Cotonetes Johnsons

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Por que eles nascem tão pequenos

A primeiríssima coisa que fiz foi perguntar ao pediatra:

- Vem cá, ela não é muito pequenininha?

Não pensei que eu era mãe, que ela era linda, que era minha filha, que emoção, nada disso. Pensei: meu Deus, é minúscula!!!

Pode soar meio ridículo, mas assim se passou comigo. Ao mesmo tempo em que eu me sentia preocupada por ela ser tão pequena, uma parte de mim ficava estranhamente aliviada. Durante a gravidez a gente fica se perguntando se vai ser capaz de cuidar do filho – uma das inseguranças normais do processo. Pois bem, sei lá que tipo de fantasia eu devia ter, mas o fato é que o bebê que nasceu de mim era muitíssimo menor do que aquele que habitava minha imaginação de grávida afoita. Foi assim que, num súbito farelo de pensamento, no exato momento em que ela veio ao mundo, aliviei minha aflição com o seguinte raciocínio maluco: se é desse tamanhozinho eu dou conta.

O médico me olhou com uma cara tranqüila e respondeu que não. Pesou, e ela não era mesmo menor do que a média. Mas eu segui meio cabreira – por um lado – e secretamente reconfortada. Era como se ela tivesse guardado um pouquinho para crescer do lado de fora, sob a minha aplicada guarda de mãe estreante. Deixou meu útero, meus líquidos e minhas capacidades fisiológicas de preservar sua vida e veio cá confiar em mim. Ou seja, já começávamos bem.

Vieram trazê-la no quarto, eu meio grogue naquela cama, a enfermeira repetindo “mamãe, mamãe, mamãe” dezenas de vezes (eles enchem um pouco o saco com essa história, parece que a gente quer muito ouvir que é mãe, então eles dizem e dizem, mas – que diacho! – as coisas desse tamanho lá têm importância ou significado no ordinário mundo das palavras?).

- Agora ela vai mamar na mamãe! – Ouvi de alguém que não era meu parente.

Como assim, vai mamar? As enfermeiras têm um certo prazer em dar ordens. Puseram minha filhinha em cima de mim; uma moça segurou a cabecinha dela e posicionou para que a boca alcançasse meu seio. Sequer me mexi (não gosto de interferir no trabalho alheio). Para minha absoluta surpresa, ela abocanhou com vigor, e sugava, convicta e inutilmente. Claro que não havia nada. Ficou naquele chup-chup vazio por algum tempo, achei incrível. Não saía uma gota, mas o instinto lhe mandava recados: confia, guria, que um dia sai. Três dias depois, saiu mesmo.

Foi assim, no instinto, que o meu leite aprendeu o caminho da fome dela, e que ela aprendeu a ser filha, e eu aprendi a ser mãe. Muito melhor do que o título “mamãe-mamãe-mamãe” (o mesmo que infesta a publicidade no início de maio) é a sensação de ter alguém confiando plenamente naquilo que eu passei nove meses pondo em dúvida: minha própria capacidade de zelar, suprir, bastar.

Daqui a pouco, quando ela estiver ninando uma boneca-bebê maior que ela, vou poder usar minha refinada experiência de mãe e dizer: fica tranqüila, filha. Quando eles nascem, são bem menores...

E ela vai me olhar, lá do alto de sua experiência de bebê, torcer a boca e desdenhar meu conselho.

- Quem aqui está com dificuldades?

É mesmo, filhota. Dificuldade é coisa de gente grande. Por isso você nasceu tão pequenininha.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Maçã para grávidas

Estudo feito por uma universidade escocesa mostrou que comer muita maçã na gravidez pode prevenir asma na criança. Duas mil grávidas foram entrevistadas sobre seus hábitos alimentares; depois, concluiu-se que aquelas que comiam quatro ou mais maçãs por semana tiveram menos predisposição a ter o filho asmático do que as que comiam menos de uma por semana.

Leia na íntegra – BBCBrasil.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Resultado (e mais pesquisa)

O Leve um Casaquinho!, 10 dias depois, divulga o resultado da pesquisa sobre a prole dos leitores. Aí vai:

Quantos filhos você tem?

1. Um (40,63%)
2. Estou grávida (21,88%)
3. Nenhum (17,19%)
4. Dois (15,63%)
5. Três (3,13%)
6. Uma porção! (1,56%)

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Tem nova pesquisa aí do lado. E aí, já votou?

Crianças, suas músicas e idéias

De vez em quando tem festa aqui no prédio. No play. Dezenas de pimpolhos se agitam ao som de uma seleção de músicas infantis, que depois evolui para nem tão infantis assim, depois repica em Ivete Sangalo e alguns genéricos - para, finalmente, acabar a tarde afogando os garfinhos de plástico no Oceano do Djavan, e outras canções mais suaves da MPB adulta.

Tudo isso talvez fosse muito gostoso – e não tenho nada contra o repertório - se o volume não fosse absurdamente alto, e se não houvesse dois ou três “animadores de festa” fazendo mais barulho do que a tropa infantil inteirinha.

Enquanto minha filha ainda é muito pequena para soprar língua-de-sogra, fico aqui, protegida da agitação, pensando: por que diabos, de uns tempos para cá, instituiu-se a idéia de que as crianças (e os bebês!) precisam ficar absolutamente ESTIMULADOS - em caixa alta, literalmente?

Somos nós, adultos, que temos um medo danado do tédio! Crianças não têm nada a ver com isso. Tracy Hogg, a enfermeira best-seller que ficou conhecida como A Encantadora de Bebês, afirma em seu livro (“A Encantadora de Bebês resolve todos os seus problemas”) que a maioria dos bebês sofre mais de superestimulação do que de tédio. E aconselha: não devemos assumir o papel de produtores de entretenimento dos nossos filhos. Deixar a criança descobrir seu próprio corpo, por exemplo, é uma excelente brincadeira. Ficar em silêncio olhando para a parede pode ser uma atividade muito produtiva.

Acesse o site dela. Outro dia eu farei um post maior sobre o livro (leia a sinopse), que é bárbaro e tem nos ajudado muito.

Então, nas festinhas infantis, será que precisamos mesmo contratar “agitadores culturais” e colocar a turma toda para quicar ininterruptamente no salão?

Pois inauguro aqui no Leve um Casaquinho! uma série de músicas infantis (ou inspiradas na infância) que não são necessariamente animadas, assobiáveis ou eletrizantes. Para que a gente possa lembrar que poesia, lirismo, contemplação e aprendizado também fazem a felicidade da criançada.

Para terminar, cito o psicanalista inglês D.W.Winnicott (“A criança e seu mundo”) numa das coisas mais lindas que eu já li sobre os pequenos: “os bebês têm idéias”. Bom, idéias precisam de espaço (físico e emocional) para criar seus mundos.

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Abaixo, Chico Buarque canta João e Maria. A música é do Sivuca e foi composta em 1947; Chico escreveu a letra em 1977, baseado em diálogos infantis. Ele conta a história bonitinha nesse vídeo.