domingo, 17 de junho de 2007

Silêncio (cuidando dela)

Barulho nenhum. Uma luz (pouca) pela janela. Meus passos descalços – o cuidado é de veludo, discreto, mudo. É de manhãzinha.

Agora eu não sei abrir os braços, estalar meus beijos, dizer palavra. Ela dorme no berço inclinando o pescoço para trás, e eu deixo, não mexo em nada. Economizo atitudes, intervenções, pretensas correções. Fisicamente a gente sobra muito, e o silêncio de gesto é para poucos. Privilégio de quem se gosta.

É curioso como observar me faz sentir que estou cuidando mais do que se estivesse matraqueando conselhos, medindo a temperatura ou declarando meu amor rimado em refrões.

Se o silêncio tivesse forma e cheiro, eu a cobriria com esse lençol perfumado - e ela talvez sonhasse azul.

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