segunda-feira, 25 de junho de 2007

Por que gritam os bebês?

De uns tempos para cá, minha filha começou a gritar. Sem motivo nenhum. Um dia eu estava trocando suas fraldas, e ela soltou um agudo que furou o teto (que dirá meus ouvidos!). Levei um susto e comecei a procurar alguma causa objetiva para tamanho grito – teria se machucado? Apertei demais a fraldinha? A água estava gelada?

Nada disso: não havia razão aparente nem escondida. Simplesmente, achou de gritar. Na verdade, achou foi uma capacidade nova no rol das suas qualidades de bebê. Como não se desperdiça talento, decerto pensou: se eu posso gritar, é isso que vou fazer! E não parou mais.

Duas coisas observamos. Primeira, não é um grito de choro, nem mesmo parece contrariedade. Segunda (e mais divertida): ela se assusta com o próprio grito. E grita de susto. Assustada com o grito do susto, grita outra vez de susto do susto gritado. E assim vai...

Às vezes, dá impressão de que está de saco cheio daquela gritaria, e então grita em protesto. Arregala bem os olhos e bufa, indignada, talvez com o fato de “alguém” ter começado a gritar e não ter mais parado – brincadeira de mau gosto, deve achar. E outra, nunca grita igual. Pode ser que grite tanto por já ter esquecido como gritou pela primeira vez.

Dia dos namorados, saímos para almoçar e achamos bonitinho levá-la junto. Quando já estávamos no meio do caminho, lembrei-me da última moda.

- E se ela resolve gritar no meio do restaurante?

E ele, sereno:

- Imagina. Não vai gritar.

E não gritou mesmo. Em vez disso, descobriu novo talento: deu de fazer um barulho esquisitíssimo que muito lembra o motor de um carro arrancando, aliás, querendo arrancar. Ficou naquele ronca-ronca e não pegou no tranco – mas, que alívio!, todo mundo em volta achou fofo. Ou fingiu muito bem.

Mas, voltando à moda dos gritinhos, é claro que a gente também fica encantado. E acaba gritando junto. Outro dia ficamos nós dois gritando daqui, ela gritando dali, numa mistura de bobice e comoção... Até que ela fechou a cara e nos olhou com ar de quem dizia:

- Vem cá, vocês não sabem levar uma conversa de adulto sem levantar a voz, não?

Censurou mesmo. Já era tarde, pegamos nossos chocalhos e fomos ao berço.


Repertório

Fiz uma breve seleção de gritões e gritonas no You Tube. Preparem os algodões auriculares. E, que ironia, o primeiro que encontrei foi esse “Bibi gritando”. Reparem só na objetividade do grito (um só, certeiro).



Já esse outro, engraçadíssimo, age por estímulo (um caso clássico de bobice materna ou paterna, como ocorre com todos nós). Percebe-se que ele está quase mandando a mãe para o berço.



Essa carequinha foi a que mais se pareceu com a modalidade de grito que a minha filha tem praticado.



E, por último, uma linda menina flagrada gritando no berço.

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu quis postar sobre algo assim na minha página e você me deu uma idéia. Cheers.

Dárcio disse...

Muito bom seu post, afinal eu sou pai de primeira viagem e só encontrei porque há 2 meses não sei o que é escutar. Minha bebê de 5 meses começou e não parou. Os gritos são bem semelhantes aos vídeos, a diferença é que a minha Lara consegue calar um supermercado inteiro com seu novo e potente poder!
No início eu achava bonitinho, mas admito que as notas altas tem me causado algum dano cerebral.

Obrigado pelo Post e boa sorte!