Leite materno: o que passa e o que não passa?
Esta é uma das questões mais controversas do assunto mamães/bebês. Afinal, o que “passa” para o leite materno e o que não passa? Álcool e drogas são uma unanimidade: passam, sim, e fazem mal (a ambos, claro).
Mas o consenso pára por aí. Há pediatras que afirmam que a lactante pode comer de tudo, sem se preocupar em causar cólicas no bebê. Outros aconselham parcimônia. E ainda outros, como o da minha filha, chegam na maternidade com aquela pastinha na mão e dizem justo o contrário do que você esperava ouvir.
Não sei de vocês, mas eu vivia me controlando para não “abusar” durante a gravidez, para não engordar demais (deu muito certo, aconselho). Entretanto, como ninguém é de ferro, assim que costuraram a minha barriga eu já estava sonhando com uma montanha de ovos de páscoa, uma bacia de sorvete, brigadeiros rolando ladeira abaixo e todas as bobagens que não podia comer antes.
- A partir de agora você está amamentando, então vai cortar do cardápio as seguintes coisas...
Ai, os médicos e seus tons pastel para dizer chicórias. Resumo da ópera:
Eu amamentei por um ano e, durante esse tempo, segui uma dieta bastante restrita: zero lactose, para começar (o que não é nada fácil se pensarmos que qualquer bolinho ou biscoito inocente leva leite, isso para não falar nos queijos – zero pizza, zero sanduíches incrementados, zero saladinhas com queijo...).
Nem café pingado eu bebia, até porque a dieta também era zero cafeína. Adeus, Coca Cola e Guaraná, chá preto, mate, etc. Proibidos também estavam os condimentos, os crustáceos, as frituras e comidas gordurosas, a comida japonesa crua, e o pior: zero chocolate!
A explicação do pediatra era que tudo isso “poderia” causar cólicas no bebê. Poderia.
Pois bem, até hoje eu não entendi se segui aquela dieta porque sou muito CDF - e não consigo receber uma ordem sem cumpri-la -, ou se foi puro medo de ficar culpada caso a Lara tivesse alguma dor de barriga. Eu não vou dizer “foi por amor à minha filha”, porque acho isso muito piegas e também porque, francamente, o amor é um negócio muito diferente de cortar alguns itens da minha despensa por achar que, talvez, dê gases na menina!
Acreditando ou não na teoria do pediatra, o fato é que eu a segui à risca – e ela nunca teve cólica e sempre foi um bebê tranqüilo, dormiu a noite toda, etc. Acontece que muitos outros bebês são exatamente assim, e as mães jamais fizeram dieta zero-coisa-nenhuma.
E aí? O que passa e o que não passa, afinal? Quem dá mais?
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Milk Shake sabor mentol
Para fechar o assunto (deixando em aberto): uma pesquisa realizada na Dinamarca mostrou que os sabores dos alimentos que as mães ingerem passam para o leite materno em pouco tempo. A banana, uma hora após o consumo. E o gostinho de mentol dura oito horas no leite!
Helene Hausner, que liderou a pesquisa, chega a sugerir que a variedade na alimentação da lactante seja importante para que o bebê vá se preparando para assimilar novos sabores no futuro.
Fonte: BBC Brasil