Onde ela ouviu isso?
* Ela passou o fim de semana com os avós, então volta para casa falando gauchês: “tu quer geleia, mamãe?”. Bah, tri bonitinha.
* Ainda sobre a influência dos avós. Hoje ela viu um avião passando e disparou: “Olha pra frente, Araújo!”. (Alguém se lembra da clássica crônica do Luiz Fernando Veríssimo que narra o pânico de um sujeito ao viajar de avião pela primeira vez? Quando ouve a voz do piloto dizendo “Aqui fala o comandante Araújo; à direita, vemos blá blá blá...”, o passageiro não se contém e grita “Olha pra frente, Araújo!”).
* Ainda sobre a influência dos avós. Hoje ela viu um avião passando e disparou: “Olha pra frente, Araújo!”. (Alguém se lembra da clássica crônica do Luiz Fernando Veríssimo que narra o pânico de um sujeito ao viajar de avião pela primeira vez? Quando ouve a voz do piloto dizendo “Aqui fala o comandante Araújo; à direita, vemos blá blá blá...”, o passageiro não se contém e grita “Olha pra frente, Araújo!”).
O fato é que isso acabou virando um bordão na nossa família, e eu hoje caí na gargalhada ao perceber que ela, sem mais nem menos, “trouxe o Araújo” da casa dos meus pais.
* Batendo papo com as bonecas:
* Batendo papo com as bonecas:
“Joana, vou botar você aqui no cantinho, tá? Sofia também. Todo mundo tem que sair do carrinho porque eu vou limpar o carrinho que tá muito sujo. (E concluiu, em tom professoral:) Não gosto de su-jei-ra!”.
Onde será que ela ouviu isso?
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Ouvido infantil
Não é a fala de uma criança que nos desestabiliza: são seus ouvidos. Elas ouvem demais – hábito que nós, adultos, muitas vezes “esquecemos” um pouco – e acabam dizendo as coisas mais incríveis, mas que, se pensarmos bem, são puro resultado de uma audição atenta e apuradíssima.
Não deixam passar uma vírgula; estão apreendendo full time e não brincam em serviço.
Observam e captam, depois semeiam e reproduzem a seu modo.
Às vezes, fazem conexões lógicas aparentemente simplórias, mas que acabam revelando muito mais sobre nós mesmos do que os discursos elaborados que repetimos há anos e sequer ouvimos direito.
Ter uma criança em casa é como ter um grande ouvido ambulante, e eu acho o máximo quando a família consegue aproveitar essas anteninhas privilegiadas para também se ouvir melhor, sem aquelas interferências da “maturidade” e da “experiência” (no pior sentido: quando caímos na cilada de achar que vivemos o suficiente para ter as respostas arrumadinhas na sapateira por ordem de tamanho, cor, ocasião social...).
Um comentário:
Perfeita a observação. Sem perder a espontaneidade, temos que redobrar a atenção com o que estas esponjinhas absorvem o tempo todo ao nosso redor... Parabéns pelo blog!
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