terça-feira, 15 de maio de 2007

Amor lácteo

Disseram que ela me olha de um jeito diferente. “É amor!”, arriscou minha sogra amorosa. Sinceramente? Nada vejo. Olha para mim como olha o teto.

- Mas vê como ela te segue com o olhar...

Segue até o ventilador. Um bebê de três meses!

- Faz distinção, sim. Você que é insensível e não quer enxergar.

Faz distinção, nada. Segundo especialistas, pensa que eu sou um pedaço seu. E ela própria, conforme os mesmos especialistas, ainda nem sabe que os bracinhos lhe pertencem - são apêndices voadores que lhe atrapalham a pegar no sono. O que há de pensar de mim?

- Boba! É amor de filha, aproveita!

Aproveito, claro, aproveito tudinho. E acho mesmo que existe um único momento em que me considera, vamos dizer assim, algo especial. É quando berra de fome e vê escrito em mim: PARMALAT.

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