terça-feira, 22 de maio de 2007

O mundo lá fora

Achei uma fila com uma (só uma!) senhora na minha frente, que beleza. Estacionei meu carrinho atrás dela e fiquei a observar as revistas relevantes que eles deixam por ali – a propósito, sabiam que a D. Winits está grávida e, por isso, deixou de fumar? Ô, notícia fundamental.

A senhora já tinha passado todas as compras, mas não havia ninguém naquele caixa para organizar a entrega em domicílio. E eu também queria entrega. E estava atrasada para o horário da mamada da Lara. Santo Deus, não existe coisa que me deixe mais perturbada.

A moça do caixa, quando solicitada, fazia bico.

- Pois é, tão demorando hoje... (olhava as unhas).

A senhora de loiros cabelos para cima já se irritava e falava ao vento - essas pessoas que falam ao vento, cuidado com elas.

- Tem ninguém para fazer a entrega, não??

Eu, calada, não me meto. Também ninguém responde. Meia dúzia de rapazes que empacotam fazem caras empacotadas. E ela vai de novo.

- Eeeei!!! N’é possível que eu já paguei e tô pronta para ir embora, mas não tem NINGUÉM PARA FAZER A MINHA ENTREGA!!! Alô-ou???

Uma moça de branco com crachá enorme vem lá do fundo com um passo arrastado (deve ser o peso do crachá). A do caixa já sorri para si mesma, irônica. Eu bufo, sinceramente indignada. Minha filha já deve estar faminta em casa, e eu não posso mandar meus seios pelo motoboy!

A partir daí, começa um processo de moça-que-chama-moça-que-chama-moço-que-chama-moço – simplesmente enlouquecedor. Quando chega a minha vez, enfrento toda a pendenga e ainda vou parar noutro balcão para dar o endereço. A moça já avisa “a entrega vai demorar”. Ah, não diga. Falo o nome da minha rua, e ela:

- Xiiii... Essa rua acabou de sair daqui, vai demorar mais ainda!

Querida, duvido que a minha rua tenha sequer vindo até aqui. E dá licença, que tem um bebê esperando milk delivery!

Filha, filhinha, desculpe a mamãe, sua entrega também atrasou, perdão!, mamãe estava no supermercado, tinha uma senhora, uma moça com crachá e... Ela dorme profundamente, as mãozinhas em frente ao rosto em xis.

Ah, se o mundo lá fora tivesse 10% dessa paz.

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